Título: BNDES vai financiar 60% das obras em aeroportos
Autor: Pareira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2012, Economia, p. B1/5

Banco também será responsável por até 80% da aquisição de equipamentos nacionais

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá financiar cerca de 60% das obras civis e de 80% da aquisição de equipamentos nacionais que devem compor os investimentos das concessionárias que venceram ontem o leilão de licitação dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília.

A estimativa foi feita por técnicos da área de infraestrutura do banco baseada em conversas com os principais concorrentes da licitação antes do leilão. Ontem, os três consórcios vencedores confirmaram que pretendem recorrer ao financiamento do BNDES, que está autorizado participar até 80% do total das inversões nos aeroportos, podendo alcançar 90% em cada item financiado.

O banco não criou uma linha especial para os aeroportos, usará os produtos tradicionais que já oferece para investimentos, com remuneração baseada na TJLP (6%) e cesta de moedas no que ultrapassar 70% do total. Os prazos totais, incluindo a possibilidade de empréstimo-ponte até a aprovação final dos pedidos, podem chegar a 180 meses para Guarulhos e Brasília e 240 meses no caso de Campinas.

Semelhança. As condições são semelhantes ao financiamento oferecido pelo BNDES antes da realização do leilão de concessão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, realizado em agosto. O BNDES já analisa uma proposta da Engevix, que arrematou o aeroporto nordestino e ontem também conquistou o terminal de Brasília à frente de um consórcio.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, comemorou ontem o resultado do leilão. Em nota enviada pelo banco, ele indicou ver no ágio pago pelos vencedores um sinal da atratividade dos investimentos no Brasil.

"O excelente resultado do leilão é uma forte demonstração de confiança na economia brasileira e no seu potencial", declarou Coutinho, que esteve no leilão realizado na Bolsa de São Paulo. "O diferencial virtuoso deste processo é a obrigação de que os vencedores invistam fortemente para expandir a infraestrutura aeroportuária, gerando melhorias para todos os usuários dos serviços licitados."

A Superintendência de Estruturação de Projetos do BNDES participou ativamente da estruturação do leilão, em parceria com a Empresa Brasileira de Projetos (EBP).

O plano do governo de privatização dos aeroportos foi iniciado com base em estudos encomendados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social quando o atual ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, era diretor de Infraestrutura do banco.