Título: Para BC, PIB cresceu menos de 3%
Autor: Nakagawa, Fernado ; Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2012, Economia, p. B1

Avanço de 2,7% em 2011 é menor que o previsto pelo governo, mas economia já começou a reagir, segundo indicador do Banco Central

A economia brasileira cresceu 2,72% em 2011. Estimativa do Banco Central divulgada ontem mostra que a atividade avançou no ano passado em ritmo menor até que as previsões mais pessimistas do governo, que citavam pelo menos 3% de expansão do PIB. Apesar dessa frustração, os dados vieram dentro do esperado pelo mercado financeiro e reforçaram a análise de que o "fundo do poço" ficou para trás, já que a atividade econômica voltou a crescer no fim do ano.

Considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do ano passado frustrou parte da equipe econômica, que, otimista, previa desempenho pouco melhor. Em Brasília, a aposta mais pessimista era do BC, que trabalha com expansão do PIB de 3% em 2011.

No Ministério da Fazenda, que já trabalhou com a aposta de que a economia cresceria 3,8% em 2011, a expectativa mais recente era de 3,2%.

Os números de ontem, porém, levaram o ministro Guido Mantega a ser mais cauteloso. "Será em torno de 3%, um pouco mais ou um pouco menos." Ao minimizar o dado do ano passado, argumentou que é preciso olhar para os próximos meses. "Esse PIB já ficou para trás, e estamos caminhando para um PIB maior em 2012. Várias condições estão mais favoráveis."

Recuperação. O levantamento mostra que a prévia do PIB cresceu 0,57% em dezembro na comparação com novembro, na segunda alta mensal seguida e dentro do esperado pelos economistas. O movimento sinaliza recuperação após a contração da atividade vista entre agosto e outubro, quando o indicador caiu mês a mês.

Economistas dizem que números dos últimos meses de 2011 revelam que a economia começou a reagir à série de medidas adotadas pela equipe econômica desde agosto para incentivar a demanda.

Além da queda dos juros e do incentivo ao crédito, o cenário internacional também colabora porque o noticiário tem trazido alguns sinais de reação, especialmente nos Estados Unidos.

"Para 2012, o governo trabalha com expectativa de crescimento do PIB de 4,5%. É uma meta ambiciosa, mas temos condições de alcançá-la", acrescentou Mantega, após dizer que é preciso olhar "para a frente". Entre os motores dessa reação, o governo aposta no aumento da demanda via crédito, que já tem sido incentivado pelos juros menores, e na ação dos bancos públicos. "O Brasil está na contracorrente do que acontece na economia mundial", disse o ministro.

"A economia brasileira está aquecendo gradualmente", avalia o Banco Itaú em relatório distribuído ontem aos clientes. Em tom parecido, a economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli, diz que os números vieram dentro do esperado e indicam apenas a "virada" após meses de retração. "Não é uma super-recuperação. Mas é inquestionável que começamos a melhorar", disse Maristela. Ela pontua, porém, que a reação pode ter algumas turbulências ao longo dos próximos meses. Ao citar o fraco desempenho na venda de automóveis em janeiro, lembra que o número sugere, por exemplo, que a atividade industrial pode voltar a ter retração. "Estamos apenas voltando à normalidade, e o crescimento mais forte e evidente só será visto no segundo semestre."