Título: Dois diretores da Petrobrás devem sair
Autor: Torres, Sergio ; Valle, Sabrina
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2012, Economia, p. B7

A pedido de Graça Foster, futura presidente da estatal, Estrella e Barbassa serão substituídos

Sem amparo político, os dois diretores da Petrobrás vinculados ao presidente José Sérgio Gabrielli devem ser afastados, a pedido da futura presidente Maria das Graças Foster. A decisão será possivelmente divulgada já na próxima reunião do Conselho de Administração da companhia, em 9 de fevereiro.

Almir Guilherme Barbassa, diretor Financeiro, e Guilherme Estrella, de Exploração e Produção, são quadros técnicos. Destacaram-se nos quase sete anos de Gabrielli na presidência.

As substituições tendem a vir de soluções internas. Para o posto de Barbassa são cotados seus gerentes executivos: Marcos Menezes (Contabilidade), Mariângela Tizzato (Financeira), Jorge Nahas (Planejamento Financeiro), e Maria Alice Deschamps (Tributário).

Para a vaga de Estrella são cotados Solange Guedes, gerente-executiva de Engenharia de Produção (E&P), a diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, e, o mais forte candidato, Carlos Tadeu da Costa Fraga. Este último, ex-gerente geral da área de E&P, acabou sendo indicado em 2003 para a gerência geral do Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), considerado até há alguns anos a "geladeira" da Petrobrás, por oferecer menos possibilidades de crescimento profissional.

Barbassa acompanha Gabrielli no Fórum Mundial Econômico, em Davos (Suíça). Ele ascendeu na Petrobrás a partir de 2003, quando Gabrielli assumiu a diretoria Financeira, indicado pelo PT. Foi seu principal executivo e, dois anos depois, ao assumir a presidência da companhia, Gabrielli nomeou o auxiliar para integrar a diretoria.

Tido na empresa como nacionalista ferrenho, Estrella é considerado candidato a deixar a Diretoria de Exploração e Produção há pelo menos dois anos. Ele assumiu o cargo em 2003, também como indicação petista, juntamente com Gabrielli, que o manteve na função quando virou presidente.

Atraso. Contra Barbassa e Estrella pesam internamente restrições ao trabalho realizado nos últimos anos. O atraso na licitação de 21 sondas de perfuração para águas ultraprofundas do pré-sal, de três anos, é creditado a procedimentos adotados por Estrella, como insistir em não aceitar os resultados apresentados pela comissão de licitação, sob a justificativa de que os preços poderiam ser ainda mais baixos. Na verdade, com a demora, os valores finais apresentados pelos concorrentes ficaram ainda mais elevados do que os inicialmente apresentados.

O episódio foi mais um dentro de um histórico de rusgas entre as áreas de Serviços e de E&P. A área de Exploração fica responsável por encontrar petróleo - "a diretoria que fura poço", segundo a expressão celebrizada pelo ex-deputado Severino Cavalcanti (PP) ao defender uma indicação de seu partido para o posto. Já a área de serviços fica responsável pela contratação de equipamentos e serviços. Ou seja, uma encontra petróleo; a outra gasta os recursos para extraí-lo.

Já Barbassa, idealizador de iniciativas importantes da companhia, como a megacapitalização de 2010 e a criação da empresa Sete Brasil, da qual a Petrobrás é sócia, com bancos e fundos de pensão, teria apoiado as manifestações de Estrella.

Após a forte alta de segunda-feira, as ações ordinárias da empresa chegaram a subir de 3% durante o dia de ontem e fecharam em alta 1,58%, somando valorização de 21% no ano. Um dos motivos para alta foi a grande entrada de investidores estrangeiros.