Título: Prognósticos divergentes para o comércio varejista
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/02/2012, Economia, p. B2

Após os resultados insatisfatórios de dezembro, o comércio varejista de grandes capitais promoveu, no mês passado, uma onda de liquidações. Assim se evitou um indesejável crescimento de estoques, mas as indicações sobre o desempenho do varejo, em 2012, ainda não são claras.

Em São Paulo, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado pela Fecomércio, mostrou um ligeiro crescimento (+0,9%) entre dezembro e janeiro, pelo terceiro mês consecutivo.

Já o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, com abrangência nacional, revelou queda dessazonalizada de 1,6% em janeiro, relativamente ao mês anterior. A pesquisa se baseia nas consultas das lojas à base de dados da Serasa.

Em janeiro, enquanto a federação dos revendedores de veículos (Fenabrave) registrou aumento de 9,8% do número de emplacamentos de autos e comerciais leves, acima de janeiro de 2011, a Serasa entende que houve queda de 2,9%.

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) enfatizou a importância das liquidações, que fortaleceram o comércio em janeiro. "O que surpreendeu foi a liquidação antecipada", notou o economista da ACSP Emilio Alfieri. Além disso, foram expressivas as vendas de eletrodomésticos da linha branca, como geladeiras, beneficiadas pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Segundo a ACSP, o número de consultas para vendas à vista e a prazo aumentou 4,5% em janeiro, em relação a janeiro de 2011, mais que o dobro do crescimento de dezembro (2,2%). Nos dias 30 e 31 de janeiro, as consultas para pagamento com cheque atingiram, respectivamente, 99 mil e 94 mil, ante a média diária habitual de 89 mil. As compras a crédito, que cresciam lentamente no último trimestre (0,5%, em outubro; 1,1%, em novembro; e 1,7%, em dezembro), avançaram 2,7% em janeiro, comparadas ao mesmo mês de 2011.

Os comerciantes esperam um ano mais difícil, segundo o índice de confiança (Icec) da Confederação Nacional do Comércio, que avalia o cenário econômico, investimentos e expectativas. Os dados ainda são positivos, cotejados com os de um ano atrás, mas a pesquisa revela queda de 10,8% na intenção de contratar pessoal e menor disposição de investir.

As incertezas para 2012 se justificam. O País será atingido pelo menor dinamismo da economia global, o que afeta as exportações e a produção para o mercado interno. O comércio depende do emprego e do poder de compra dos trabalhadores, mais do que do efeito sobre os preços derivado da concorrência dos importados.