Título: Liga Árabe precisa ser dura com Bashar Assad
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/12/2011, Internacional, p. A8

No fim de um ano tumultuado no qual homens fortes do Oriente Médio foram derrubados, o presidente sírio, Bashar Assad, ainda está de pé matando seu povo. E, mesmo assim, líderes na Rússia, China e Estados árabes ainda não fizeram o bastante para pressioná-lo a parar. Assad ignorou a pressão internacional até a Liga Árabe interceder no conflito no mês passado e impor sanções contra o seu regime. Só então ele concordou em retirar soldados de áreas residenciais e dar início a um diálogo com a oposição. No entanto, a concessão do ditador parece ser, na verdade, apenas mais uma maneira de ganhar tempo enquanto ele tenta domar os sírios e mantê-los submissos.

Centenas de mortes depois - segundo a ONU, mais de 5 mil pessoas, em sua maioria civis, foram mortas desde que a repressão aos protestos teve início, em março -, foi apenas na segunda-feira que Assad aceitou um plano para que observadores da Liga Árabe visitassem o país para fiscalizar se ele está cumprindo suas promessas de pôr fim à violência. Para ter resultados com credibilidade, a missão da Liga precisará ter acesso ilimitado a todas as áreas de conflito na Síria e tornar todas suas descobertas públicas - algo que dificilmente será permitido por Assad.

Enquanto isso, a Rússia faz o possível para prevenir que o Conselho de Segurança da ONU faça o que já deveria ter feito meses atrás: condenar o reinado sangrento de Assad e impor duras sanções econômicas contra o ditador e seus aliados militares.

Os EUA e a Europa já impuseram as próprias sanções contra a Síria, mas a Rússia e a China, em outubro, vetaram uma resolução do CS que condenaria apenas a repressão aos protestos. Na semana passada, a Rússia surpreendeu o órgão ao propor novas resoluções pedindo aos dois lados o fim da violência, sem sanções, em um aparente esforço de poupar seu aliado de penalidades mais fortes. Assad já deixou claro de que está disposto a destruir seu país para manter-se no poder, o que seria um desastre para a região.

A Liga Árabe precisa ser forte contra os abusos do ditador e deixar claro que não permitirá que Assad manipule sua missão, assegurando que as sanções impostas sejam cumpridas.