Título: Espaço para queda da taxa de desemprego é limitado em 2012
Autor: Gerbelli, Luiz Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2012, Economia, p. B3

Em 2011, o mercado de trabalho sofreu muito pouco os efeitos da desaceleração da atividade econômica. A taxa de desemprego média atingiu 6,0% no ano passado, o menor resultado de toda a série histórica.

A perda de ritmo de crescimento da renda real, por outro lado, foi determinada por uma inflação mais alta, que reduziu o poder de compra da população.

Um ponto que deve trazer impactos relevantes sobre as principais variáveis do mercado de trabalho em 2012 é a elevação expressiva do valor do salário mínimo, reajustado em 14,13% em janeiro deste ano - passando de R$ 545 para R$ 622. Além de produzir efeito positivo para a renda daqueles que ganham em torno de um salário, o aumento do mínimo pode, por outro lado, trazer um impacto negativo sobre o emprego e possibilitar deslocamentos de pessoas do setor formal para o informal. Este quadro pode limitar, em alguma medida, uma nova queda expressiva da taxa de desemprego neste ano.

O salário mínimo representa uma referência para o preço do fator trabalho não qualificado no setor formal. Não é possível contratar trabalhadores formalmente com uma remuneração abaixo deste piso, o que implica a elevação de custos e na alteração do preço relativo do trabalho não qualificado em relação aos demais.

O aumento dos custos e a alteração nos preços relativos podem fazer com que se observe um movimento de substituição do emprego formal para o informal, ou até mesmo para o estado de desemprego, pois, com um mercado formal mais atrativo, os trabalhadores podem esperar por melhores oportunidades em vez de migrar para o setor não coberto pela legislação.

Limitação. Embora o salário mínimo tenha aumentado expressivamente nos últimos anos sem que isso tenha provocado aumento do desemprego e da informalidade, isso pode estar atuando no sentido de limitar um processo mais acentuado de formalização do mercado de trabalho brasileiro e até mesmo de queda do desemprego.

Para este ano, portanto, mesmo com uma expectativa de crescimento econômico ligeiramente mais forte (de 3,2%, frente aos 2,8% esperados para 2011), a projeção da Tendências para o emprego contempla elevação de 2,0% (ante 2,1% em 2011), limitado também pela reduzida margem de ociosidade no mercado de trabalho; 2,8% para a renda real (ante 2,7%), que compõe a massa salarial em 4,9% (ante 4,8%). A taxa de desemprego, por sua vez, ainda por essas projeções deve recuar de 6,0% em 2011 para 5,8% em 2012.

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