Título: Desemprego tem alta menor em janeiro
Autor: Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2012, Economia, p. B3

Efetivação de mão de obra temporária contratada para o Natal reduziu o crescimento do índice, que subiu de 4,7% em dezembro para 5,5%

O desemprego no País aumentou pouco de dezembro para janeiro, comprovando que o mercado de trabalho segue forte. Uma fatia considerável da mão de obra temporária contratada para o período de Natal foi efetivada e o índice subiu de 4,7% em dezembro para 5,5% em janeiro.

Foi a menor taxa para o primeiro mês do ano desde o início da Pesquisa Mensal de Emprego, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde março de 2002.

"O desemprego vai estar, mês a mês, abaixo da taxa do ano passado. No curto prazo, não estou vendo nenhuma tendência de estabilização", prevê José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Gestão de Recursos e professor do Departamento de Economia da PUC-Rio.

Em janeiro, a renda média subiu, alcançando nível também recorde: R$ 1.672,20. O aumento foi de 0,7% em relação a dezembro (R$ 1.661,17). O resultado confirma que a atividade econômica segue aquecida, segundo Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

"É normal dispensar trabalhadores temporários depois do Natal", ressalta Azeredo. "A grande notícia de janeiro é o quanto a economia foi capaz de reter essa mão de obra. A população ocupada caiu menos. O mercado absorveu mais trabalhadores temporários do que em janeiro de 2011."

Na passagem de dezembro para janeiro, houve recuo de 1% na ocupação, o equivalente a 220 mil trabalhadores demitidos, enquanto, de dezembro de 2010 para janeiro de 2011, a queda na ocupação foi de 1,6%, ou seja, 370 mil foram dispensados.

Embora o mercado de trabalho tenha começado o ano aquecido, o gerente do IBGE lembra que ainda deve haver demissões após o carnaval e as férias de verão. "A dispensa de trabalhadores temporários vai acontecer até março", avisa Azeredo.

Na opinião do economista Felipe Wajskop França, do Banco ABC Brasil, a taxa de desemprego não tem mais espaço para ceder. "Está no limite. Prova disso são os indicadores de renda. O mercado de trabalho continua bastante aquecido. Se essa melhora permanecer, vai refletir mais em renda do que na taxa de desemprego, que não tem mais por onde cair", avalia.

Renda. O rendimento médio do trabalhador subiu em janeiro em quase todas as regiões pesquisadas, com exceção do Rio de Janeiro, onde recuou 1,6% em relação a dezembro. A alta acentuada no Recife (7,3%) influenciou o resultado geral, mas o IBGE ressalva que o aumento foi causado por um rodízio na amostra e pode ser corrigido nas próximas leituras.

Outros fatores que contribuíram para melhorar o salário médio no País em janeiro foram a dispensa de temporários, que costumam ganhar menos que trabalhadores efetivos, e o reajuste do salário mínimo.

"O resultado (da pesquisa) mostra que a renda do trabalhador continua crescendo a uma taxa muito forte, e o risco é que isso possa gerar alguma pressão inflacionária mais na frente", alertou Camargo.

A massa de salários pagos aos trabalhadores somou R$ 37,9 bilhões em janeiro, uma queda de 0,5% em relação ao valor registrado em dezembro. / COLABOROU MARIA REGINA SILVA