Título: Grécia pode precisar de nova ajuda financeira
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2012, Economia, p. B3

Para analistas, pacote de 130 bilhões resolve problemas apenas no curto prazo

O novo empréstimo concedido à Grécia pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) ajudará o país a evitar um calote no curto prazo, mas não resolverá os problemas a longo prazo. A avaliação é de alguns analistas europeus que estudam o assunto.

"Claro que esse resgate não resolverá o problema da Grécia, mas será uma ajuda imensa durante os próximos meses", disse Karel Lanoo, diretor executivo do Centro para Estudos de Política Europeia.

Segundo ele, o resgate de 130 bilhões permitirá ao governo grego pagar 14,5 bilhões em dívidas que vencem em 20 de março. De acordo com Lanoo, "é impossível saber agora por quanto tempo o país poderá aguentar antes de chegar novamente a um ponto crítico".

"Vai depender muito da disposição do governo em implementar as medidas de austeridade (combinadas com os credores internacionais) e com que velocidade. A Grécia precisa solucionar problemas acumulados durante anos para recuperar o equilíbrio", afirmou.

Para Jean Pisani-Ferry, diretor do centro de estudos econômicos Bruegel, com sede em Bruxelas, "está claro agora que levará anos, talvez uma década, para reformar o país e corrigir seus desequilíbrios econômicos".

"Até agora não se fez nada substancial sobre o crescimento. Um programa de ajuste é necessariamente recessivo, mas não precisa impedir a mobilização de ferramentas para a recuperação econômica", criticou.

Lanoo, no entanto, avalia que a Grécia "não tem alternativa senão cumprir as condições" exigidas pelos credores, que incluem redução de salários e aposentadorias, demissão de funcionários públicos e flexibilização do mercado de trabalho.

Reformas. O plano de austeridade fiscal aprovado há cerca de 10 dias pelo governo grego ainda é insuficiente diante das exigências dos credores para aprovar o novo pacote financeiro. Por isso, a Grécia vai ter de aprovar mais uma série de reformas que resultarão em cortes profundos de gastos e fiscalização de monitores da União Europeia.

O plano de austeridade da UE e do FMI tem como objetivo reduzir a dívida pública dos atuais 160% do Produto Interno Bruto (PIB) para 120,5% em 2020.

Além disso, a economia grega será permanentemente monitorada por especialistas vindos de países da zona do euro. A Grécia também terá de mudar sua Constituição para dar prioridade aos pagamentos das dívidas, e não ao fornecimento de verbas para serviços do governo.

O governo grego também terá de estabelecer uma conta especial, separada do orçamento, que sempre deve ter divisas o bastante para a manutenção das dívidas pelos próximos três meses. O país tem pouco mais de uma semana para aprovar uma série de cortes de gastos de mais de 3 bilhões, enquanto se prepara para uma eleição geral antecipada que deve ocorrer em abril.

O ministro da Economia, Evangelos Venizelos, já disse que os setores de impostos e previdência serão afetados. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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