Título: Tecnologia existe há 40 anos e 3 mil usam aparelho no mundo
Autor: Bassette, Fernanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2012, Vida, p. A17

Primeiro marca-passo no diafragma foi colocado em 1972, nos EUA; no Brasil, adulto recebeu aparelho em 2010

O implante de marca-passo no diafragma não é uma coisa nova no mundo - a tecnologia existe no mercado há 40 anos e a primeira cirurgia do tipo foi realizada em 1972, nos Estados Unidos.

No Brasil, três adultos dependentes de ventilação mecânica já receberam o marca-passo - o primeiro caso foi em 2010. No mundo, estima-se que ao menos 3 mil pessoas usem esse aparelho.

Além do caso de Pedro Arthur, a tecnologia também é indicada para pacientes que tenham sofrido algum trauma na medula em decorrência de acidente de carro, por exemplo, e para pacientes com síndrome de Ondine, uma doença genética que se caracteriza pela falta de estímulo para respirar durante o sono.

No Brasil. A primeira cirurgia em adulto no Brasil foi feita no estudante Maurício Javier Riveros Letelier, hoje com 22 anos. O jovem nasceu com malformação de Chiari (um tipo de problema no cerebelo), o que provocou cistos na sua medula espinhal.

Maurício tinha problemas sérios de tontura e falta de equilíbrio e, em 2008, foi submetido a uma cirurgia que o deixou tetraplégico e dependente de um respirador. A família sabia do risco, mas a cirurgia era necessária.

"Soube que havia esse marca-passo nos EUA e fui atrás. Tive de entrar na Justiça para o governo pagar por ele. Era um direito do meu filho usar esse aparelho para melhorar sua qualidade de vida", diz Miriam Riveros Ortega, de 47 anos, mãe de Maurício.

Miriam diz que durante o tempo que usou o respirador artificial, Maurício era internado mês sim, mês não, por causa de pneumonias constantes. Após o implante do marca-passo, o jovem nunca mais teve infecções.

"A vida dele mudou completamente depois do marca-passo. A autoestima melhorou, ele voltou a estudar (hoje ele faz faculdade de Ciências Contábeis). Agora faz planos, coisas que antes não fazia. Tem sido ótimo", diz.

O aparelho custa cerca de US$ 150 mil, é portátil e funciona com duas baterias a serem trocadas uma vez por mês. / F.B.