Título: Obama propõe corte de imposto das empresas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2012, Economia, p. B5

Proposta reduziria taxa de 35% para 28%, mas tem pouca chance de virar lei em ano eleitoral

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lançou ontem um diálogo com as empresas sobre uma reforma tributária, oferecendo seu primeiro plano claro para reduzir o imposto das corporações, mas com poucas chances de se converter em lei em um ano eleitoral.

Obama propôs a redução do imposto de renda para empresas de 35% para 28%, mas provavelmente as taxas no geral subirão, já que serão eliminadas dezenas de deduções num esforço para reestruturar o código fiscal corporativo americano, informou o Wall Street Journal.

A proposta reduzirá o imposto "efetivo" sobre empresas manufatureiras para "não mais que 25%", em comparação com os cerca de 32% atualmente. A taxa máxima só perde para o Japão.

O plano também exige que as companhias dos Estados Unidos que operam no exterior paguem, pela primeira vez, um imposto mínimo sobre os ganhos fora do país. Estabelecendo o cenário para um debate entre o Congresso e os grupos empresariais sobre a reforma do código fiscal, a Casa Branca também recomendou a simplificação da documentação para pequenas empresas, reduzindo os impostos que elas pagam, mas potencialmente acabando com algumas das isenções fiscais que elas têm.

De acordo com o plano, algumas empresas devem pagar mais e outras menos do que atualmente, dependendo das isenções que recebem. Um valor adicional de US$ 250 bilhões será levantado em impostos durante dez anos para contrabalançar ou eliminar muitas deduções, créditos e outras medidas temporárias que são estendidas todos os anos, como um crédito fiscal para pesquisas e experiências, segundo uma fonte.

O anúncio foi visto por muitos como uma forma de rivalizar com a recente divulgação de um plano econômico pelo pré-candidato presidencial republicano Mitt Romney.

Busca de apoio. A proposta de Obama foi desenvolvida pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner, e provavelmente será o começo de intensas negociações. "O atual código tributário foi escrito para uma economia diferente, para uma era diferente", declarou Geithner, que planeja reunir-se na próxima semana com membros do Congresso em busca de apoio.

"Esse processo levará algum tempo. Será politicamente polêmico, alguns dirão que as propostas são demasiadamente duras sobre os negócios, outros dirão que não são suficientemente duras", acrescentou o secretário americano.

O plano de Obama "é um útil começo à tão necessária discussão sobre como reformar da melhor maneira possível o código tributário corporativo", disse Maya MacGuineas, presidente do Comitê por um Orçamento Federal Responsável, um grupo ativista que mantém rígido controle sobre o déficit fiscal americano. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS