Título: Santos tenta facilitar desmobilização
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2012, Internacional, p. A8

Como ministro da Defesa e, agora, presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos foi o responsável por alguns dos mais duros golpes contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Entre os últimos êxitos de Santos, está o assassinato do número 1 do grupo, Alfonso Cano, no ano passado. O presidente tenta agora mudar a Constituição colombiana para facilitar a desmobilização da cúpula das Farc. De olho em um eventual acordo, Santos busca reduzir a pena contra integrantes do secretariado da guerrilha se eles admitirem seus crimes.

A ação das forças de segurança colombianas, fortemente amparadas pelos EUA, conseguiu reduzir para a metade o número de integrantes das Farc nos últimos cinco anos. O contingente de guerrilheiros, porém, ainda é considerável: 8 mil soldados. Até pouco tempo, o movimento criado em 1964 era considerado invencível. Até 2008, nenhum dos sete membros de seu secretariado havia sido assassinado. Nos últimos quatro anos, cinco caíram em combate.

O comando das Farc vem divulgando que deseja negociações de paz com base no diálogo iniciado em 1998, sob o governo de Andrés Pastrana. Ele deu à guerrilha um território autônomo, que ficou conhecido como "Farclândia", em troca de promessas de negociação. Os rebeldes, entretanto, aproveitaram-se da trégua para treinar cerca de 20 mil novos guerrilheiros, além de construir novos aeroportos clandestinos e campos para prender reféns. O presidente Álvaro Uribe enterrou o diálogo e, com as Farc enfraquecidas, não há sinais de que Santos queria negociar nos mesmos termos.

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