Título: Mercado eleva previsão para alta da inflação de 2013
Autor: Chiara, Márcia
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2012, Economia, p. B4

Expectativa de alta do IPCA no próximo ano passou de 5,02% para 5,11%; há um mês, o mercado previa 5%

O otimismo dos economistas com a inflação de curto prazo não contagiou as previsões para 2013. Pesquisa semanal Focus realizada pelo Banco Central com os analistas do mercado financeiro mostra que a expectativa de alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no próximo ano subiu pela segunda semana seguida e passou de 5,02% para 5,11%. Há um mês, o mercado previa 5%.

O pessimismo com os preços no médio prazo é explicado pela expectativa de que o efeito das medidas para amenizar o efeito da crise internacional no Brasil - como a redução de juros e a retirada de amarras aos financiamentos - deve fazer com que a atividade econômica gire a um ritmo mais forte no segundo semestre. Esse movimento deve aumentar a demanda por bens e serviços e pode motivar a remarcação de preços para cima.

Para o curto prazo, porém, prevalece uma visão mais otimista influenciada pela desaceleração e até queda de alguns preços como a carne e outros alimentos. Além disso, a recente queda do dólar tem anulado a subida de alguns preços de commodities - como a soja. Por isso, a previsão para o IPCA em fevereiro caiu pela segunda semana seguida, de 0,48% para 0,47%.

Para o ano de 2012 - que sofre a influência positiva de curto prazo, mas a pressão do segundo semestre -, foi mantida a expectativa de inflação de 5,24%.

Com a aposta de que a inflação deve voltar a aumentar no próximo ano, o mercado espera que o juro básico da economia, que deve cair no curto prazo, terá de subir no próximo ano para conter os preços.

Cai e sobe. Por enquanto, prevalece a expectativa de que a taxa cairá ao todo 1 ponto porcentual nas reuniões marcadas para março e abril deste ano e fechará 2012 em 9,5% ao ano. Depois, em 2013 e com a inflação mais forte, deve voltar a subir em março do próximo ano até 10,5%, mesmo patamar visto atualmente.

"Apesar dos fundamentos terem melhorado o mercado não vê como crível um juro em um dígito por muito tempo no Brasil", diz o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, que não concorda com a maioria dos colegas de mercado. "Acreditamos que haja espaço sim para a queda responsável dos juros, o que garantirá ganhos permanentes para a economia brasileira no médio prazo entre outro canais via um câmbio menos apreciado", argumenta em relatório aos clientes.