Título: Petróleo deve ser o principal tema da reunião entre Dilma e Obama
Autor: Magossi, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2012, Economia, p. B5

O governo dos Estados Unidos quer diminuir a dependência do petróleo do Oriente Médio e da Venezuela

O pragmatismo da presidente Dilma Rousseff deve facilitar o entendimento com o presidente Barack Obama, durante visita que ela fará aos Estados Unidos, entre os dias 9 a 11 de abril. Especialistas consultados pela Agência Estado acreditam que os dois governos devem avançar nas negociações relativas à área de energia.

Isso porque os Estados Unidos buscam obter mais autonomia na área energética e diminuir sua dependência do petróleo do Oriente Médio e da Venezuela. Segundo o ex-chanceler Rubens Barbosa, o petróleo foi o produto mais exportado para os Estados Unidos em 2011, em valores. "Com os investimentos no pré-sal, nos próximos anos, o Brasil é o candidato natural a preencher esse buraco", afirma.

Para o coordenador do Grupo de Análise Internacional da Universidade de São Paulo (USP), Ricardo Sennes, também sócio-diretor da consultoria Prospectiva, a questão energética é estratégica para os Estados Unidos, uma vez que se trata da transferência dos fornecedores de petróleo do eixo do Oriente Médio para o eixo Atlântico, mais protegido de ameaças externas e politicamente muito mais estável. "Há resistências a serem vencidas, mas é um assunto prioritário na agenda norte-americana que impacta o Brasil e pode avançar nessa visita", diz Sennes.

Além do petróleo, a expectativa de analistas internacionais é que fontes alternativas de energia devem ser discutidas por Dilma e Obama, durante o encontro. Barbosa lembra que já existe um acordo de cooperação entre Brasil e Estados Unidos para a produção de combustível bioenergético para a aviação. Para Sennes, também podem entrar na discussão o uso de energia nuclear.

Na avaliação do ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) Miguel Jorge, esse também é um bom momento para o Brasil voltar a negociar a redução das barreiras impostas pelos EUA a produtos brasileiros, como o suco de laranja. No fim de janeiro, as exportações brasileiras de suco de laranja foram suspensas depois que os EUA detectaram a presença do fungicida carbendazim. "Embora as sobretaxas não sejam o principal problema agora, é um assunto que sempre faz parte da agenda", afirmou o ex-ministro.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 25/02/2012 06:31