Título: Fuga de euros irrita gregos
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2012, Economia, p. B6

Políticos estariam mandando dinheiro para fora

A classe política da Grécia já vivia a mais grave crise de credibilidade de sua história recente, mas um novo escândalo deve afundar ainda mais a imagem de deputados e ministros. Segundo a imprensa de Atenas, um deputado - cuja identidade ainda é desconhecida - teria transferido a contas bancárias do exterior um total de € 1 milhão, para prevenir-se da falência do sistema financeiro do país.

Pressionado, o ministro de Finanças, Evangelos Venizelos, afirmou que pedirá à Comissão Parlamentar de Controle Fiscal a publicação do nome ou dos nomes de políticos que teriam retirado seus recursos pessoais dos bancos gregos. "Se for provado que houve transferências feitas por homens públicos, eles deverão ser convocados para se explicar à comissão parlamentar adequada", advertiu o ministro. Segundo Venizelos, todos os deputados que transferiram mais de € 100 mil ao exterior serão investigados.

Lavagem. A revelação de que pelo menos um deputado havia realizado a operação foi revelada pela Autoridade Independente de Luta contra a Lavagem de Dinheiro, há dois dias. Por razões legais, o órgão não pode divulgar o nome do suspeito, mas desde então a Brigada Financeira (Sdoe) do Ministério das Finanças analista dados dos parlamentares para tentar revelar a identidade do responsável.

Desde o início da crise das dívidas soberanas na Grécia, em dezembro de 2009, um total de € 65 bilhões foram transferidos de bancos do país em direção ao exterior - ou cerca de 30% de todos os depósitos. Bancos do Reino Unido, com 32% do volume, e da Suíça, com 9%, são os principais destinos.

Ameaçada de falência, a Grécia pode ser excluída da zona do euro, sendo obrigada a reativar a impressão de dracmas, a moeda do país até 2002.

Se essa operação for realizada sem controle adequado, teme-se uma corrida ao bancos, provocando a falência do sistema. Apesar dos riscos há economistas que defendem essa saída para os gregos/ A.N. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS