Título: Waldomiro Diniz é condenado a 12 anos de prisão no Rio
Autor: Junqueira, Alfredo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2012, Nacional, p. A9

Na sentença, juíza ainda condenou o ex-presidente da Loterj a pagar multa de R$ 170 mil; ele poderá recorrer em liberdade

Pivô do primeiro escândalo de corrupção do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-suchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência e ex-presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj) Waldomiro Diniz foi condenado a 12 anos de prisão por corrupção passiva e crimes contra a Lei de Licitação. A sentença da juíza Maria Tereza Donatti, da 29.ª Vara Criminal do Rio, foi proferida na segunda-feira. Ele também foi condenado a pagar multa de R$ 170 mil.

Homem de confiança do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, Waldomiro foi demitido em 2004, após a divulgação de um vídeo em que ele aparece cobrando propina do empresário de jogos de azar Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. As imagens foram gravadas em 2002. O então presidente da Loterj pedia dinheiro a Cachoeira para campanhas eleitorais do PT e do PSB naquele ano. Também condenado pela 29.ª Vara Criminal, Cachoeira foi preso anteontem pela PF em operação de combate à exploração de máquinas caça-níqueis.

Segundo o Ministério Público, na conversa filmada, Waldomiro e Cachoeira negociavam um esquema ilegal numa licitação para a contratação de serviços de implantação, gerenciamento e operação do sistema de loterias do Estado do Rio. De acordo com a acusação, em troca de uma propina de R$ 1,7 milhão, Waldomiro aceitou elaborar edital para favorecer os interesses de Cachoeira.

"Ficou suficientemente comprovado que a "negociata" entre os réus Waldomiro e Carlos Ramos visava interesses pessoais e também de políticos que seriam beneficiados com as tais "doações", muito embora a renda da Loterj devesse ser "destinada aos projetos de interesse social relacionados à segurança pública, à educação, ao desporto, à moradia e à seguridade social"", escreveu a Luíza Maria Tereza em sua sentença.

Os dois poderão recorrer da decisão em liberdade. O advogado Ary Bergher, que representa Waldomiro, disse que vai apelar ao TJ do Rio. O promotor responsável pelo caso, Felipe Rafael Ibeas, disse que também pretende recorrer da sentença, pois os dois escaparam da condenação por formação de quadrilha e outros sete réus no processo foram absolvidos.