Título: Concorda com a medida do governo para conter a alta do real?
Autor: Fernandes, Adriana ; Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2012, Economia, p. B3

Sim

"A medida é cor reta. Aliás, o governo não deveria parar por aí. Se não adotar medidas adicionais, o real vai se valorizar muito mais com o tsunami de dinheiro que já está ocorrendo no Brasil, especialmente após a decisão de ontem (quarta-feira) do Banco Central Europeu de liberar 529 bilhões para 800 bancos que atuam na Europa. O governo deveria fazer uma triagem bem mais seletiva nos investimentos estrangeiros diretos (IED) a fim de evitar o misto de arbitragem e especulação que ocorre no Brasil há um bom tempo, principalmente nos empréstimos intercompanhias. O governo também deveria adotar uma quarentena para recursos externos que ingressam no País por um prazo acima de seis meses."

Não

"Basicamente por

que as instituições financeiras encontrarão uma forma de anular a eficácia, tal como fizeram antes. O governo começou com o IOF para um ano, logo depois estendeu para dois anos. E aí o que as instituições financeiras começaram a fazer foi emitir de dois anos e um dia, para não pagar IOF. É presumível que farão a mesma coisa agora. Tomando essas atitudes, parece que elas têm o poder de resolver o problema do real apreciado, e elas não têm. Temos de nos convencer de que o real vai ficar apreciado se o País der certo. O Brasil precisa aprender a viver com uma taxa de câmbio mais apreciada, precisa aumentar a produtividade e tornar-se mais competitivo, com mais rigor fiscal e retomando a agenda de reformas."

Em termos

"Não posso dizer que seja categoricamente contra. Há no mundo um excesso de liquidez, criado pelos bancos centrais emissores de moedas internacionais de reserva. Isso causa um desajuste monetário brutal. O problema é que estamos num mundo de cada um por si, e é difícil criticar as autoridades brasileiras quando todo mundo olha o próprio umbigo. Vamos deixar o câmbio ir a R$ 1,40, R$ 1,30, R$ 1,20? Não dá, é muito desorganizador para a economia. Mas o problema é que essas medidas não estancam completamente os fluxos, elas não são muito eficazes e distorcem a alocação de recursos. É importante que o governo não caia na tentação de querer fazer cada vez mais."