Título: Militares mortos são homenageados no Rio
Autor: Torres, Sergio
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/02/2012, Vida, p. A14

"Meu filho era tudo para mim. Sempre foi o meu herói. Eu só quero ver o corpo dele", disse Nair Santos, a mãe do primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos, que morreu junto com o suboficial Carlos Alberto Figueiredo tentando combater o incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz, no sábado. Cerca de 40 parentes e amigos dos militares participaram ontem da cerimônia de homenagens póstumas na Base Aérea do Galeão, no Rio, que teve a presença do vice-presidente Michel Temer e do ministro da Defesa, Celso Amorim, entre outros.

Os dois corpos foram trazidos ao Rio em um Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB), que pousou às 8h55. Entre as homenagens post-mortem, os dois foram promovidos ao posto de segundo-tenente, admitidos na Ordem do Mérito da Defesa, e as famílias receberam a Medalha Naval de Serviços Distintos.

Os dois caixões foram cobertos por bandeiras do Brasil. Houve execução do Hino Nacional por uma banda da Marinha e disparos de fuzil na homenagem. "A perda é sempre irreparável, mas não será esquecida", discursou Amorim. Temer destacou o "gesto de heroísmo" dos militares. A cerimônia durou uma hora.

De Vitória da Conquista (BA), Figueiredo tinha 47 anos e estava na Marinha desde 1982. Santos, de 45, de Salvador (BA), trabalhava na Marinha desde 1985.

Segundo a Marinha, o estado de saúde do sargento Luciano Gomes Medeiros, ferido no incêndio, é estável, mas não há previsão de alta. O pesquisador Márcio Tenório, que também estava na estação, participou da cerimônia. "Não corremos risco. Tudo foi feito com muita tranquilidade e profissionalismo", disse ele.

O governo discute a concessão de auxílio especial para as famílias dos militares mortos, a exemplo do que foi concedido após o terremoto no Haiti, em 2010. O processo é bastante demorado e necessita da elaboração de um projeto de lei, a ser aprovado pelo Congresso. No caso dos militares do Haiti, a indenização de R$ 500 mil concedida a cada uma das famílias só começou a ser recebida em 31 de dezembro de 2010, às vésperas da tragédia completar um ano.

"Heróis brasileiros". Ontem, no Recife, a presidente Dilma Rousseff destacou a "atuação extremamente heroica" de Santos e Figueiredo. Os dois foram tratados por ela como "dois heróis brasileiros". "Eles não titubearam em arriscar suas vidas para salvar as pessoas que estavam ali na estação." A presidente garantiu que a estação será reerguida. "Nós vamos reconstruir", afirmou. / COLABORARAM ANGELA LACERDA E TÂNIA MONTEIRO