Título: Atitude americana pode influenciar na escolha dos caças
Autor: Marin, Denise Chrispim ; Godoy, Roberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/02/2012, Economia, p. B3

O cancelamento da encomenda dos 20 Super Tucanos para a aviação militar americana não diminui o bom nome do avião brasileiro de ataque leve. É, a rigor, um movimento para produzir efeito no ano eleitoral dos Estados Unidos. A concorrente local Hawker Beechcraft, derrotada no confronto técnico entre seu avião, o AT-6, e o Super Tucano da Embraer, tratou de anunciar que, sem o contrato de US$ 355 milhões com possibilidade de expansão até US$ 950 milhões, seria obrigada a encerrar as atividades de uma fábrica de seu complexo de Wichita, fechando 1.400 vagas, diretas e indiretas. Não é um bom argumento para uma corporação que, tentando reduzir prejuízos, transferiu para Chiuaua, no México, três facilidades industriais e, claro, exportou os devidos empregos.

Não é a primeira experiência da Embraer com o amargo modo de operar do setor de Defesa americano. Em 2004 o Pentágono deu a vitória à companhia do Brasil em uma licitação cujo valor era estimado entre US$ 7,5 bilhões e US$ 10 bilhões para fornecimento de até 58 aviões de inteligência. A concorrência foi cancelada pouco depois.

Imbatível como máquina militar, o Super Tucano acumula 18 mil horas de voo de combate, foi escolhido por sete países e deve ser o selecionado também pelo governo do Peru. É uma solução engenhosa, reunindo a bordo de um avião relativamente barato, a tecnologia eletrônica de última geração e um considerável poder de fogo. A questão a ser definida é se a perda do contrato dos EUA vai influenciar a decisão da presidente Dilma Rousseff na escolha do novo caça avançado da FAB. A americana Boeing é uma das três finalistas, com a Dassault francesa e a Saab sueca. Os fatos de ontem podem ter o poder de apressar a resolução do processo.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 29/02/2012 05:53