Título: Governo central tem superávit recorde
Autor: Nakagawa, Fernando ; Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/02/2012, Economia, p. B4

Resultado de janeiro foi de R$ 20,8 bilhões e superou em 46,5% o resultado do mesmo mês do ano passado

Num cenário ainda de queda dos investimentos públicos, o governo começou o ano com uma economia recorde de R$ 20,8 bilhões para pagamento de juros da dívida em janeiro.

O resultado do chamado Governo Central, que inclui as contas do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, apresentou um crescimento de 46,5% em relação ao superávit primário do mesmo mês do ano passado. O esforço fiscal foi R$ 6,6 bilhões maior no período e já garantiu 74,3% da meta para todo o quadrimestre.

O resultado, obtido principalmente graças ao aumento da arrecadação, mostrou um recuo de 17,4% nos investimentos pagos. Essa desaceleração ocorreu mesmo depois de o governo ter iniciado em janeiro mudança na metodologia de cálculo das despesas com o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, que passaram a ser classificadas como investimento.

As despesas com o programa somaram R$ 2,5 bilhões e representaram boa parte dos R$ 6,5 bilhões de investimentos pagos ao longo do mês.

Sinalização. Para o secretário do Tesouro, Arno Augustin, a divulgação do superávit de janeiro (o maior para o mês e o segundo maior da história) representa uma sinalização importante do governo com o compromisso de cumprimento da meta fiscal no ano, sem abatimentos.

O resultado de janeiro só não foi maior do que o de setembro de 2010, quando o governo conseguiu uma receita extraordinária com a capitalização da Petrobrás.

Novo mix. "Fica evidente que estamos com o primário em ascensão. Isso é positivo porque reflete o esforço para que o novo mix de política econômica seja o melhor possível", disse Augustin. Nesse novo mix, o governo reforçou a política fiscal para ajudar o Banco Central na redução da taxa de juros.

Para Augustin, o superávit forte de janeiro mostra que o governo cumprirá a meta fiscal. Questionado se o governo poderia, ao longo do ano, mudar a estratégia fiscal, disse: "O primário está definido. É cheio. E o contingenciamento demonstra isso". Mas, em seguida, acrescentou: "Mas pode ter mudanças. Sempre pode".

Combustíveis e juros. O secretário evitou falar sobre a decisão dos juros do BC na próxima semana e também sobre a possibilidade de aumento do preço dos combustíveis pela Petrobrás, mas fez questão de ressaltar que o conjunto de preços para 2012, que inclui todas as variáveis, incluindo o petróleo, apontam uma tendência positiva para os índices de preço. Segundo ele, a inflação vai prosseguir dentro da meta (das bandas) e "até com mais folga".

"O governo entende que as políticas das suas empresas são as melhores para cada uma delas e são definidas pelas suas diretorias", disse.

Ele, entretanto, ponderou que a União, como acionista majoritária das empresas, expressa suas opiniões por meio de seus representantes nos conselhos das empresas.