Título: Indústria trava PIB e governo promete ação mais forte para reanimar economia
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2012, Economia, p. B1

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,7% em 2011, primeiro ano do governo da presidente Dilma Rousseff, caindo a quase um terço dos 7,5% de 2010, último ano de Luiz Inácio Lula da Silva. No quarto trimestre, o PIB cresceu apenas 0,3% (ante o trimestre anterior, na série que desconta as variações sazonais). Porém, analistas apontaram uma retomada da demanda doméstica - a soma do consumo das famílias, dos investimentos e dos gastos do governo.

O resultado de 2011 desapontou e o governo, que almeja um crescimento anual de 5%, já acena com medidas para acelerar a economia. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, há vários estímulos em ação, como a queda dos juros, e "haverá uma ação mais forte do governo para que o crescimento se realize". (leia mais nas páginas B5 e B6).

O fraco PIB de 2011 está ligado à alta do juro básico (revertida em agosto) e às medidas de contenção de crédito, para segurar a inflação, que mesmo assim bateu no teto de 6,5% da meta. A crise externa também freou a economia em 2011.

O destaque negativo foi o fraco desempenho da indústria, que cresceu apenas 1,6% em 2011. Pior ainda, a indústria da transformação (que exclui a mineração e os serviços de utilidade pública) ficou parada, com expansão de apenas 0,1% em 2011, pior desempenho entre os 13 subsetores do PIB.

A indústria da transformação ainda está no mesmo nível de produção do terceiro trimestre de 2007.

O desempenho da transformação foi particularmente ruim no último trimestre, com queda de 2,5% ante o anterior, na série dessazonalizada, e de 3,1% ante o último trimestre de 2010. Foram os piores resultados desde 2009.

O resultado do PIB só não foi ainda pior por causa do forte desempenho do setor agropecuário, que cresceu 3,9%, com destaques para algodão, fumo, arroz, soja e mandioca, com alta na produção e na produtividade. Os serviços, que representam 67% da economia, cresceram 2,7% em 2011, expansão idêntica à do PIB.

O consumo das famílias continuou a apresentar bons resultados, crescendo 4,1% em 2012, a oitava expansão anual consecutiva, desde 2004. O ritmo, porém, caiu ante os anos anteriores, sendo o menor crescimento desde 2004, quando atingiu 3,8%.

Por outro lado, o consumo das famílias reagiu no último trimestre, crescendo 1,1% ante o trimestre anterior, na série dessazonalizada. No terceiro trimestre, houve uma queda de 0,1%, na mesma base de comparação.

O investimento cresceu 4,7% em 2011, bem acima da expansão do PIB, mas muito abaixo da alta de 21,3% em 2010. Um detalhe que preocupou os economistas é que os investimentos desaceleraram ao longo de 2011, saindo de 8,8% no primeiro trimestre (comparado a igual período do ano anterior) para 2% no quarto.