Título: Analistas veem retomada no 4º trimestre
Autor: Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2012, Economia, p. B3

Uma corrente de analistas viu sinais de retomada nos números do PIB no quarto trimestre de 2011, apesar de, à primeira vista, o resultado não ser nada impressionante. Na comparação com o trimestre anterior, na série dessazonalizada, o PIB cresceu apenas 0,3% no último trimestre do ano passado. Isso, porém, já indica uma recuperação ante a queda de 0,1% no terceiro trimestre, na mesma base de comparação.

Em relação ao mesmo trimestre de 2010, o PIB cresceu 1,4% de outubro a dezembro, resultado mais fraco desde o terceiro trimestre de 2009 (queda de 1,5%). O consumo das famílias, responsável por 60% do PIB, cresceu 2,1% no quarto trimestre, ante igual período de 2010, o pior resultado desde o início de 2004. Esses números, porém, refletem a alta base de comparação do último trimestre de 2010, fim de um ano superaquecido da economia.

Por outro lado, analistas como o consultor Alexandre Schwartsman (ex-diretor do BC) e Robson Rodrigues Pereira, economista sênior do Bradesco, estimam que o importante indicador da demanda doméstica (consumo das famílias, gastos do governo e investimentos) tenha crescido 0,8% no quarto trimestre de 2011, ante o trimestre anterior. No terceiro trimestre, no mesmo tipo de comparação, eles calculam uma queda de 0,3% na demanda doméstica.

Para Ricardo Denadai, economista do Santander Asset Management, não há dúvida que o consumo das famílias será novamente o motor da economia, responsável por novo impulso no crescimento que pode chegar a 3,5% em 2012. Ele prevê altas de 1% e 1,5%, respectivamente, no primeiro e segundo trimestres deste ano, ante o período imediatamente anterior.

Alguns fatores que podem empurrar a economia em 2012 são os efeitos defasados das quedas da Selic; o relaxamento de medidas de contenção ao crédito; as isenções tributárias para bens industriais; o forte aumento real do salário mínimo; e a aceleração dos investimentos públicos.

Mas Carlos Kawall, economista-chefe do banco J. Safra, nota que o aumento da inadimplência e uma freada no crédito para as pessoas físicas podem pesar ainda na atividade econômica em 2012. / FERNANDO DANTAS e ALEXANDRE RODRIGUES

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