Título: Governo vai agir para estimular crescimento este ano, diz Mantega
Autor: Veríssimo, Renata ; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2012, Economia, p. B5

Objetivo das medidas é contrabalançar os efeitos negativos da esperada desaceleração da economia global em 2012

Para evitar que o crescimento seja apenas "satisfatório" este ano como foi em 2011, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu ontem que o governo fará uma "ação mais forte" para uma expansão maior. Além de contar com programas anunciados no ano passado que ainda não tiveram efeitos práticos, o ministro informou que novos instrumentos para estimular a economia estão a caminho e virão na medida em que forem necessários.

Até porque, conforme Mantega, o governo tem condições de dar mais estímulos este ano e há também "mais determinação de fazê-los". Fora o incômodo com o câmbio, que atrapalha principalmente a indústria, o objetivo das medidas é contrabalançar efeitos negativos da esperada desaceleração da economia global em 2012. "Há estímulos já sendo implantados: redução dos juros, investimentos, que estarão aumentando ao longo do ano. As condições para um crescimento maior estão dadas."

A avaliação de que há necessidade de impulsionar a atividade doméstica foi feita logo após o anúncio de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 2,7% em 2011. O porcentual é inferior à mais recente estimativa do ministro, de expansão próxima a 3%. "Não contávamos com o agravamento da crise no segundo semestre. Sem o agravamento, o crescimento seria mais próximo de 4% do que de 3%;"

O resultado foi ainda mais distante da projeção de dezembro de 2010, quando a equipe de Mantega acreditava que o avanço seria de 5%. "2011 foi bom ano para a economia brasileira, embora o PIB não tenha sido tão alto quanto esperávamos."

Além das incertezas externas, também pesou sobre o resultado do ano passado a própria atuação do governo para evitar um possível superaquecimento da atividade e o descontrole da inflação. Mantega disse, porém, que o governo não errou na mão ao adotar medidas entre o final de 2010 e o início de 2011.

Impulso. No Banco Central, a expansão do PIB foi interpretada como confirmação de que a "atividade econômica ganhou impulso no final do ano passado". Mesmo com a velocidade maior, a evolução dos indicadores segue, para o presidente Alexandre Tombini, "consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012". O ritmo, segundo ele, é compatível com o equilíbrio interno e externo e as perspectivas apontam para uma intensificação da atividade no ano.

A previsão de Mantega para este ano é a de que o PIB cresça entre 4% e 4,5%. O ápice do avanço deve ocorrer no segundo semestre, quando o ritmo de expansão deve atingir uma taxa anualizada de 5%. "Teremos crescimento maior do que o ano passado em 2012."

Decepcionado com a falta de ajuda da indústria para o crescimento, ele salientou que o setor, o mais abatido com a crise internacional, precisa de estímulos. "E eles serão dados", garantiu. / COLABOROU FERNANDO NAKAGAWA