Título: Agronegócio faz pressão na reta final de votação
Autor: Salomon, Marta
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2012, Vida, p. 16

Os interesses do agronegócio falaram mais alto na última etapa de votação do Código Florestal, antes de o projeto de lei ir à sanção da presidente da República. E o principal ponto da discórdia é a exigência de recuperação de pelo menos 15 metros de vegetação nativa às margens de rios mais estreitos.

Propriedades rurais que abriguem rios mais largos terão de recuperar até 100 metros em cada margem.

A regra, aprovada pelos senadores em dezembro, não zera o passivo ambiental estimado no País, de cerca de 80 milhões de hectares. Para a Frente Parlamentar da Agropecuária - da qual o relator Paulo Piau (PMDB-MG) faz parte -, a recuperação de vegetação nativa representará a perda de áreas produtivas nas propriedades rurais.

Piau também recusa a proteção de áreas de manguezais, os apicuns e salgados, assim como a punição dos produtores rurais que não regularizarem suas propriedades no prazo de cinco anos. A pena é o corte do crédito por parte de instituições financeiras.

O governo não teve os votos suficientes para manter o projeto aprovado pelo Senado nesta semana. O tema ainda pode impor a maior derrota política já sofrida pelo governo Dilma Rousseff porque as regras negociadas no Senado também são criticadas por ambientalistas, que condenam a anistia a desmatadores. O debate já dura 13 anos. / M.S.