Título: Governo indica atuação mais dura contra valorização
Autor: Leopoldo, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/03/2012, Economia, p. B4

A decisão do governo de elevar de três para cinco anos o prazo das captações externas que pagam IOF mostra que o alarme com a paralisação da indústria está soando muito alto em Brasília. Para Carlos Kawall, economista-chefe do banco J. Safra, mais do que a antecipação dos efeitos da medida em si, a forte desvalorização do real ontem reflete "a sinalização contundente de que o governo vai usar todos os instrumentos possíveis para evitar a apreciação do câmbio".

Kawall nota que cada passo recente da escalada de medidas para evitar a valorização ocorreu em reação a recorrentes momentos de alta do real. O que surpreendeu o mercado desta vez foi justamente que a moeda brasileira já vinha se enfraquecendo nos últimos dias, e a decisão do governo foi claramente uma tentativa de turbinar a desvalorização. "É a comprovação de que a postura agora ficou mais dura", diz o economista.

Como de hábito, a última medida de controle de capitais reedita o debate sobre até que ponto este tipo de política funciona. Kawall está claramente no lado dos que acreditam na eficácia dessa abordagem, tomando-se todo o conjunto de restrições gradativamente imposto, combinado com a atuação mais agressiva do Banco Central na aquisição de dólares.

Pela corrente cética, Alexandre Schwartsman, da Schwartsman&Associados, diz que a medida "tem algum impacto de curto prazo, que ao longo do tempo desaparece". Para ele, A Fazenda e o BC estão buscando um número excessivo de objetivos, de câmbio, queda de juros, crescimento e controle de inflação, sem que tenham instrumentos para tanto.