Título: Tema pauta eleição desde gestão Marta
Autor: Galo, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2012, Nacional, p. A8

Em São Paulo, taxa é palavra proibida. É vidraça para quem está na Prefeitura, pedra para quem quer chegar lá. E quase sempre motivo de chiadeira de quem tira do bolso valores não necessariamente altos, mas significativos o suficiente para elevar a rejeição de um político paulistano.

Quando Fernando Haddad centra fogo contra a taxa de inspeção veicular de Gilberto Kassab, faz o gesto com conhecimento de causa. Nenhuma gestão ficou tão marcada nessa seara como a de Marta Suplicy (2001-2004), da qual o ex-ministro foi chefe de gabinete justamente da secretaria responsável pela cobrança desses tributos. A criação das taxas do lixo e da luz, associadas aos transtornos de uma série de obras viárias em 2004, deram munição para o PSDB chegar pela primeira vez à Prefeitura.

Naquela eleição, o tucano José Serra prometeu acabar com a taxa do lixo, cobrada a partir de 2003 para financiar parte do novo regime de coleta e destinação de resíduos domésticos e de saúde. O tributo foi extinto no fim de 2005, mas o contrato com duas concessionárias assinado por Marta - o de maior valor e duração da gestão petista - segue em vigor.

No entanto, melhorias previstas na licitação - como coleta de lixo com contêineres, medida mais higiênica e que ajuda a evitar enchentes, e a ampliação da coleta seletiva, entre outras ações - foram adiadas ou até esquecidas.

A taxa não dá mais dor de cabeça para a cidade, mas o lixo sim. Acabar com um tributo é fácil, mas sempre deixa uma conta a ser paga.