Título: Área é dominada por tráfico e contrabando
Autor: Oda, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/03/2012, Internacional, p. A10

A Península do Sinai - ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias, de 1967, e devolvida ao Egito após os Acordos de Camp David, em 1979 - é uma área onde atuam traficantes de drogas e pessoas, além de contrabandistas que levam armas e outros produtos para a Faixa de Gaza.

É também um local onde estão alguns dos destinos turísticos mais procurados do mundo, como o Monte Sinai - onde, segundo a tradição, Moisés teria recebido as tábuas dos Dez Mandamentos -, o Golfo de Ácaba e o Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina, de onde haviam saído os turistas que estavam no ônibus no qual as brasileiras foram sequestradas.

A segurança na região sempre foi precária e casos de sequestros e atentados com mortes contra turistas nunca foram incomuns.

Além dos beduínos, que reivindicam mais atenção do governo central e se consideram os verdadeiros proprietários da região, o Sinai registra também forte atuação de grupos islâmicos radicais.

De acordo com especialistas do setor de turismo, as condições de segurança se deterioraram ainda mais desde a queda do regime de Hosni Mubarak, em fevereiro do ano passado.

Além de reprimir duramente os movimentos fundamentalistas - hoje muito mais influentes no governo egípcio -, Mubarak havia chegado a um acordo com os beduínos para, com a receita da indústria do turismo, investir mais na infraestrutura da região.

O turismo é a principal fonte de receita da economia egípcia e atraiu cerca de 14 milhões de visitantes em 2010. Com a tensão política que tomou conta do país, porém, esse número caiu em mais de 25% no ano passado.

Em resposta a essa situação, associada à crise europeia, o governo egípcio passou a buscar parcerias com operadoras principalmente de países emergentes, como o Brasil, Rússia e China, baixando o preço de pacotes e oferecendo condições especiais de financiamento.

Segundo os especialistas egípcios, o setor de turismo vinha se recuperando gradualmente nos últimos meses, mas os sequestros, principalmente, na região do Sinai devem emperrar essa evolução.