Título: Ataque em Alepo mata mais 3 e fere 25 na Síria
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/03/2012, Internacional, p. A12

Novo atentado ocorre um dia depois de ação que deixou 27 mortos na capital, Damasco

Um dia depois de um duplo atentado que matou pelo menos 27 pessoas em dois edifícios do governo sírio em Damasco, um carro-bomba explodiu ontem numa área residencial de Alepo, a segunda maior cidade da Síria, causando a morte de pelo menos mais 3 pessoas e deixando 25 feridos , de acordo com a agência de notícias estatal Sana.

Assim como na véspera, a mídia oficial síria qualificou a explosão de "atentado terrorista". A série de ataques - nos quais grupos rebeldes que lutam pela deposição do ditador Bashar Assad negam o envolvimento - ocorre no momento em que as autoridades de Damasco preparam-se para receber, hoje, a equipe de mediadores liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan - que busca um acordo para pôr fim à violência política que se estende por mais de um ano no país. De acordo com números das Nações Unidas, mais de 8 mil pessoas já morreram desde o início dos protestos contra o regime de Assad, em fevereiro do ano passado.

As forças de segurança do regime justificam a repressão com a alegação de que combatem "grupos terroristas" ligados à rede Al-Qaeda.

Ontem, a mídia síria - integralmente controlada pelo regime - atribuiu o duplo atentado de sábado a grupos que teriam recebido apoio da Arábia Saudita e do Catar. Os dois países são os principais defensores da tese de que a comunidade internacional deve armar os rebeldes que combatem Assad e apoiar material e decididamente pela mudança de governo na Síria.

A explosão de ontem, segundo a Sana, provocou a queda da fachada de um edifício e graves danos materiais nos prédios adjacentes.

A agência acrescentou que o atentado foi cometido por "um grupo terrorista armado" que pretendia atingir um edifício que abriga o serviço de segurança interna da cidade.

Moradores de Alepo disseram à agência EFE por telefone que o carro-bomba explodiu no bairro de maioria cristã de Al-Suleimaniya.

Funcionários de inteligência de países ocidentais disseram ontem a The New York Times que não descartam a possibilidade de um grupo radical islâmico do Iraque ligado à Al-Qaeda estar envolvido nos recentes ataques. Mas grupos da oposição da Síria acusam o próprio governo de estar por trás de pelo menos alguns dos atentados, numa tentativa de justificar a matança de manifestantes anti-Assad.

Os edifícios atacados no sábado em Damasco também abrigavam serviços de segurança do governo. Nos funerais das vítimas, ontem, milhares de pessoas se reuniram e gritaram palavras de ordem contra o regime de Assad - algo pouco comum em Damasco. Nos 12 meses de protestos contra Assad, a capital síria tem se mantido em relativa calma, enquanto as forças do governo têm reprimido duramente as manifestações em cidades como Homs, Deraa e Idlib.

No fim de semana, governos da Rússia e da China, dois dos principais defensores da Síria na ONU, conclamaram a comunidade internacional a pressionar tanto o regime de Assad quanto seus opositores a abandonar as armas e iniciar um diálogo. / AP, REUTERS, NYT e EFE