Título: Chances de alianças com o PT são reduzidas no Brasil inteiro
Autor: Madueño, Denise ; Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2012, Nacional, p. A7

Presidente nacional do PR diz que partido não tem mágoa de Dilma, mas que esperava uma reparação do governo

O presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), afirma que é "muito reduzida" a chance de o partido apoiar Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo ou de se coligar com qualquer outro nome do PT nos Estados. Alega que as "relações abaladas" com o governo da presidente Dilma Rousseff levarão o PR a optar por coligações que fortaleçam o partido nas eleições municipais.

A presidente é mais rígida com o PR do que com outros aliados?

Não sei se ela tem sido mais rígida com o PR. Talvez as pessoas não tenham entendido o que o PR quer. O partido não quer a reposição de ministério. O PR foi afastado do governo e a impressão que ficou é que as pessoas do partido são desonestas. O que esperávamos do governo é a reparação disso. Houve negociações, o governo disse que queria estar do nosso lado, mas, infelizmente, nada se concretizou.

Por que omitir o nome da presidente nas inserções do partido?

Como a nossa relação com o governo está abalada e nós podemos ir para a oposição, as inserções foram regionalizadas para fortalecer o partido lá na base.

A decisão de ficar na oposição diminui as chances de coligação com Fernando Haddad em SP?

Se não tivermos acerto no governo federal, e tudo indica que não vai ter, naturalmente essas chances são muito reduzidas. E não é só em São Paulo. Possivelmente no Brasil inteiro, porque o natural é que a gente busque coligações que fortaleçam o partido e nós já demos o primeiro passo descentralizando a veiculação da propaganda eleitoral.

Com 7 senadores e 37 deputados, o PR conseguirá desestabilizar as votações de interesse do governo?

Quem tem de fazer essa conta é o governo. Mas nós não vamos fazer oposição raivosa, será criteriosa e a favor do País.

O sr. se irritou com a indicação de seu adversário no Estado, senador Eduardo Braga (PMDB), ao cargo de líder do governo?

Nem um pouco. Inclusive já declarei isso. Ele não vai encontrar nenhuma dificuldade no PR nem em mim.

O PR se sente injustiçado?

Não, quem toma decisão de montar o governo é a presidente. Não tem essa de mágoa. Nessa relação presidencialista com formação de coligações, o normal é que um partido que apoia o governo participe do governo e tenha espaço segundo a sua potencialidade de votos. É a regra. Se os cargos fossem tirados do PT e do PMDB, eles continuariam votando no governo? Claro que não, porque é assim que funciona. É hipocrisia a gente dizer que é diferente.

Quer dizer que enquanto não reaver o ministério...

Não, não é isto. Política não é só dar cargos, não. É o tratamento, o jeito de tratar, o cafezinho, a gente perceber que está sendo bem cuidado, é dizer: "Olha, não tem o ministério, mas tem isso, tem aquilo", e (no nosso caso) não tem nada, nem conversa.