Título: BNDES terá o 5º aporte bilionário em 4 anos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2012, Economia, p. B4

Governo vai aportar R$ 45 bilhões no banco para sustentar o PSI, programa de investimentos com taxas de juros subsidiadas

O governo fará um aporte adicional de R$ 45 bilhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) este ano. Com isso, a instituição terá condições de emprestar até R$ 150 bilhões em 2012, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Esse é o quinto aporte bilionário que o banco recebe desde 2009, na época da crise global. Com os recursos anunciados ontem, o total chega a R$ 285 bilhões. Os recursos novos darão suporte à quarta etapa do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), cuja vigência foi estendida até o fim de 2013. O programa foi criado em 2009, para ajudar setores a enfrentar a crise naquele período. O gasto adicional com o subsídio aos juros do PSI será de R$ 6,5 bilhões.

"O grande objetivo é, por um lado, reduzir custos e assegurar a agregação de valor no Brasil e, de outro, aumentar o investimento e a inovação", disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Além do volume maior, as linhas foram reformuladas, como antecipou o Estado: houve redução nas taxas de juros, aumento da parcela financiável pelo banco, prazos mais longos e novos setores foram autorizados a tomar os empréstimos.

"O que mais precisamos é a redução do custo de capital", disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. A prorrogação do PSI ajudará a vender mais máquinas para obras e terá impactos indiretos sobre a infraestrutura, avaliou o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy.

O crédito para a compra de ônibus e caminhões, por exemplo, terá o juro reduzido de 10% para 7,7% ao ano e o prazo, de 96 meses, passará para 120 meses. Pequenas empresas, que poderiam tomar crédito de até 80% do valor do bem, poderão tomar até 100%. Para grandes empresas, a participação do crédito na operação sobe de 70% para 90%.

Em bens de capital, o juro para grandes empresas caiu de 8,7% para 7,3%, enquanto para pequenas empresas a taxa foi cortada de 6,5% para 5,5%.

Exportação. O BNDES também cortou os juros do capital de giro financiado pela linha Progeren. A taxa mais baixa, que era de 10,5%, caiu para 9% ao ano. Houve acréscimo de R$ 10 bilhões na linha e mais setores, como brinquedos e bens de capital, foram incluídos.

Em paralelo, o BNDES ampliou os recursos para programas de financiamento à exportação. Nesse caso, o orçamento previsto para 2012 passou de R$ 1,24 bilhão para R$ 3,1 bilhões.

Apesar do reforço, o montante é inferior ao reivindicado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No segmento de financiamento, por exemplo, os recursos passaram de R$ 800 milhões para R$ 1,6 bilhão, mas o solicitado eram R$ 2,8 bilhões.

O montante para equalização de taxas de juros subiu de R$ 445 milhões para R$ 1 bilhão. Esse benefício foi estendido ao exportador na produção do bem para o exterior, o chamado pré-embarque. Além disso, a parcela do financiamento com taxa equalizada passou a 100%, ante 85% atuais./ LU AIKO OTTA, IURI DANTAS, RENATA VERÍSSIMO, ADRIANA FERNANDES, CÉLIA FROUFE, EDUARDO CUCOLO, EDUARDO RODRIGUES E FERNANDO NAKAGAWA