Título: Opiniões vão do pão de queijo à mineração
Autor: Veríssimo, Renata ; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2012, Economia, p. B10

Fontes do governo contam que o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, tem sido chamado à Presidência da República para discutir até mesmo assuntos sem relação direta com as atribuições do Tesouro. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, adotou o hábito de consultar o secretário em quase todos os assuntos.

Ele tem sido chamado para tudo: participou de uma reunião para discutir ampliação do número de médicos no País, sobre creches e quadras esportivas e até mesmo sobre o alto preço do pão de queijo e do cafezinho vendidos nas lanchonetes dos aeroportos brasileiros.

Arno Augustin também é considerado um especialista em concessões e trabalhou na área com Dilma quando ambos participavam do governo do Rio Grande do Sul. Ele esteve presente, por exemplo, numa reunião que discutiu concessão de telefonia 4G.

Não estava lá para opinar sobre liberação de recursos do Tesouro para o programa, e sim para avaliar a modelagem da licitação. O Planalto enxerga no secretário a capacidade de identificar se o modelo vai atrair investidores. A presidente pediu "ajustes" na proposta após a reunião.

Outro assunto em que a opinião de Arno Augustin pesou foi na definição do Código de Mineração. O secretário executivo Nelson Barbosa era o representante da Fazenda neste tema. Após Augustin fazer ressalvas à proposta, Dilma pediu que o Tesouro entrasse na discussão.

Com visão econômica bem diferente da de Barbosa, em alguns casos até mesmo antagônicas, Arno Augustin acaba fazendo um contraponto. Além disso, evita as desculpas de várias pastas de que os projetos não estão deslanchando por falta de recursos. Ao participar das principais reuniões de governo, ele acaba sabendo quais são as prioridades, de fato, do Palácio do Planalto nos gastos públicos. / R.V. e A.F., COM LU AIKO OTTA