Título: Mercado aposta em novo corte de 0,75 ponto na Selic
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2012, Economia, p. B4

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá repetir a dose e reduzir a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual, agora para 9% ao ano, na reunião dos dias 17 e 18 de abril. É o que mostra levantamento parcial realizado pelo AE Projeções com 31 instituições do mercado financeiro. Destas, 30 estão com esta estimativa, enquanto o Barclays aparece como a única casa a prever desaceleração do ritmo de corte para 0,50 ponto.

Para os analistas, a autoridade monetária dispõe de vários argumentos que amparariam uma nova queda desta magnitude, com destaque para o resultado bastante baixo da inflação corrente e para o comportamento moderado da atividade, sobretudo a fraqueza da indústria.

Na Ventor Investimentos, a economista Ana Carolina Freire disse que aguarda mais um corte de 0,75 ponto porcentual na reunião de abril do Copom. De acordo com ela, tanto a inflação como a expansão do País vêm sendo divulgadas com taxas mais baixas que o esperado, fato que deve facilitar a repetição do posicionamento do BC sobre a Selic no encontro da próxima semana. "A inflação surpreendeu em relação ao Relatório (Trimestral de Inflação) de dezembro e em relação ao próprio Relatório de março. E o próprio crescimento (da economia) também tem surpreendido para baixo", justificou, acrescentando que estes fatos podem seguir como argumentos até mais importantes que a situação do cenário externo por parte da autoridade monetária. "Mas eles (diretores do BC) vão continuar enfatizando os riscos", ponderou.

Na Mapfre Investimentos, a economista Helena Veronese também integra a corrente majoritária que aposta em mais uma redução de 0,75 ponto porcentual na Selic. "O Banco Central deu a entender que vai para 9% quando disse que (os juros) ficariam um pouco acima da mínima histórica de 8,75%. O cenário não mudou desde então e não faria sentido eles (os diretores do BC) acelerarem para 0,75 ponto porcentual e depois voltarem para 0,50 ponto ou 0,25 ponto porcentual", disse. "Faz mais sentido eles manterem o que já começaram a fazer", complementou, concordando que, no caso de um retorno aos cortes de 0,50 ponto, poderia até haver algum tipo de ruído no mercado.

Por outro lado, há quem acredite ser possível que o Copom comece já a tirar o pé do acelerador no processo de flexibilização monetária. O Barclays aparece isolado na ponta conservadora da pesquisa, projetando queda de 0,50 ponto na Selic em abril. Conforme explicou o economista Guilherme Loureiro, a estimativa se ampara na ideia de que o ciclo de distensão da Selic está chegando ao fim e que o Banco Central, neste caso, tende a fazer esta saída de forma gradual. "Mas concordo que está cada vez mais difícil sustentar essa projeção", afirmou, referindo-se aos indicadores fracos de inflação e atividade./ FLAVIO LEONEL, DENISE ABARCA e MARIA REGINA SILVA