Título: Indústria apresenta dados contraditórios em fevereiro
Autor: Dantas, Iuri
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2012, Economia, p. B3

Assim como a própria indústria, os dados do setor patinaram em fevereiro. Enquanto o uso da capacidade instalada caiu, mostrando maior ociosidade das fábricas, indicadores como faturamento e horas trabalhadas apontaram leve alta em fevereiro, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). No meio de dados contraditórios, não é possível dizer que a indústria saiu do fundo do poço. A expectativa, porém, é de recuperação.

"Essa ambiguidade vem desde o fim de 2011 e isso não nos permite traçar uma trajetória clara da indústria em termos de recuperação", disse o gerente executivo de políticas econômicas da entidade, Flávio Castelo Branco. "É possível ter dados positivos nos próximos meses, mas a indústria deve mostrar recuperação lenta, mais suave."

Um dos principais incentivos à recuperação, diz Castelo Branco, deve ser o aumento do salário mínimo. Espera-se que, com mais dinheiro no bolso, os consumidores comprem mais e o comércio faça mais encomendas.

A utilização da capacidade instalada passou de 82,4% em janeiro para 82,1% em fevereiro, atingindo o mesmo nível de julho do ano passado.

Em fevereiro de 2011, o indicador estava em 83,4%. "A utilização de capacidade mostra que a indústria está mais ociosa do que há um ano", disse o economista da CNI, Marcelo D"Ávila.

Já o faturamento real do setor subiu 1,5% em fevereiro em relação a janeiro, descontados efeitos sazonais. No mesmo período de comparação, o volume de horas trabalhadas avançou 2,2%. Nos dois casos, porém, houve queda ante fevereiro do ano passado: de 3,3% em faturamento e de 1,4% na quantidade de horas.

Emprego. Em meio à disparidade dos números, o mercado de trabalho ficou estável em fevereiro na comparação com janeiro e apresentou leve alta, de 0,4%, ante o mesmo mês de 2011. "Os indicadores de emprego são mais lentos por causa da falta de flexibilidade da lei no Brasil. Há resistência para o industrial demitir, pois ele perde o funcionário treinado e também porque é muito caro o processo de demissão", disse D"Ávila.

Para deixar o quadro mais indefinido, a CNI detectou que a perda do dinamismo da indústria se espalhou em fevereiro, ante o mesmo mês do ano passado. Dos 19 setores consultados, em dez o faturamento recuou - quatro a mais do que em janeiro. Merecem destaque os segmentos de vestuário, couros e calçados, borracha e plástico, minerais não metálicos, metalurgia básica e produtos de metal.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 11/04/2012 05:50