Título: Juro mais baixo pode afetar lucro dos bancos neste ano
Autor: Nacakawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2012, Economia, p. B3

As instituições financeiras podem ter lucros menores, margens comprimidas e rentabilidade mais baixa já neste ano

SÃO PAULO - A estratégia de reduzir juros para não perder espaço no mercado de crédito pode comprometer os resultados dos bancos neste ano, avaliam analistas. As instituições financeiras podem ter lucros menores, margens comprimidas e rentabilidade mais baixa já neste ano.

Para cada 100 pontos básicos de redução nos spreads do crédito ao consumo e para pequenas e médias empresas, segmentos em que o Banco do Brasil foi mais agressivo nos cortes, o Credit Suisse estima queda de 9% no lucro dos grandes bancos.

A rentabilidade também seria afetada. A previsão do indicador para 2012 baixaria de 17,8% para 16,3%, segundo o Credit. As margens cairiam 4%, segundo o relatório assinado pelos analistas Marcelo Telles, Daniel Sasson e Victor Schabbel.

O BB destaca que a estratégia vai ajudar a atrair clientes de outros bancos e não deve influenciar nos seus indicadores. O vice-presidente de Atacado, Negócios Internacionais e Private Bank do BB, Paulo Rogério Caffarelli, em entrevista à Agência Estado ontem, disse que o banco mantém as projeções de rentabilidade patrimonial inalteradas para 2012. Sobre eventual queda das margens, o executivo acredita que a vinda de novos clientes vai compensar a redução.

No caso do BB, os analistas acreditam que, mesmo com novos clientes, as margens devem cair. Mas eles não esperam impacto relevante da estratégia mais agressiva na capitalização do banco. O Credit Suisse estima que as medidas incluem apenas 5,4% da carteira de empréstimos do Banco do Brasil.

A instituição já tem o menor índice de Basileia na comparação com os grandes bancos, de 14%, e seus executivos destacaram recentemente que simulações internas indicam que o banco não precisa de capital pelo menos até janeiro de 2014. Essa simulação leva em conta o crédito crescendo no mínimo 15% ao ano. Ontem, Caffareli afirmou que a nova estratégia do BB não deve mudar a previsão crescimento da carteira para este ano, de 17% a 22%.

Na bolsa, os papéis dos bancos privados começaram a cair depois que o BB anunciou sua redução de juros. "A ação do BB pode desencadear um ambiente mais competitivo pelos clientes dos bancos", destaca o analista do Deutsche Bank, Mario Pierry, Marcelo Cintra e Tito Labarta.