Título: Bancos privados se mantêm na defensiva
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2012, Economia, p. B4

As declarações mais fortes do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no fim da manhã de ontem, colocaram as instituições financeiras privadas na defensiva. Antes de o ministro elevar o tom, estava definido que o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, iria se pronunciar hoje para explicar com detalhes as propostas da entidade para reduzir os juros e os spreads no País - spread é a diferença entre o que os bancos pagam na captação do dinheiro e o que cobram nos empréstimos.

As palavras de Mantega mudaram os planos. A Febraban decidiu se calar, à exceção de uma entrevista de Portugal a uma revista semanal na quarta-feira (antes, portanto, de o imbróglio piorar). Até segunda ordem, os bancos vão deixar Mantega falar sozinho.

Ordem, aliás, que virá (se vier) dos banqueiros que sempre comandaram a entidade: os privados. Apesar de a Febraban ter oficialmente como associadas as instituições públicas, na prática, sempre funcionou como porta-voz do setor privado.

É provável, no entanto, que as instituições privadas mantenham a mesma atitude de ontem, uma vez que, como diz um interlocutor frequente de banqueiros, não gostam de fomentar polêmicas pela imprensa.

O debate entre governo e bancos vai continuar. Mas os representantes do setor financeiro deverão ser ainda mais cautelosos nas declarações públicas. Não custa lembrar que o ataque de Mantega se seguiu às declarações do próprio Murilo Portugal em Brasília, onde esteve na terça-feira justamente para apresentar ao governo as sugestões do setor para reduzir juros e spreads.