Título: OMC prevê forte desaceleração do comércio global este ano
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2012, Economia, p. B9

A crise na Europa fará o comércio mundial em 2012 sofrer forte desaceleração, com exportações crescendo abaixo da média dos últimos 20 anos e já atingindo as exportações brasileiras.

Dados divulgados ontem pela Organização Mundial do Comércio (OMC) indicam que a expansão do comércio em 2011 freou em comparação com 2010, com crescimento de apenas 5%. Mas, em 2012, o desempenho será ainda pior. A previsão é de que a expansão será de apenas 3,7%. Só 2009, o pior em sete décadas, foi mais negativo que o ano atual. No auge da crise, o comércio caiu 12%. Em 2010, a elevação das exportações chegou a 13,8%.

"Mais de três anos se passaram desde o colapso do comércio de 2008 e 2009. Mas a economia mundial e o comércio continuam frágeis", disse Pascal Lamy, diretor da OMC. "Haverá uma desaceleração do comércio em 2012", admitiu, apontando a austeridade na Europa como causa principal.

Na avaliação da entidade, emergentes podem sofrer, já que têm na Europa seu principal mercado exportador. O Brasil, segundo os números da OMC, já começou a ser afetado. As vendas ao mercado europeu recuaram 0,3% nos três primeiros meses de 2012. O balanço geral das exportações brasileiras só foi salvo graças a uma elevação de 41% de vendas aos Estados Unidos e de 10% à China. No geral, o trimestre terminou em alta de 7,5%.

Importações. Apesar das barreiras adotadas pelo governo Dilma Rousseff, as importações no seu primeiro ano de governo cresceram em ritmo quase duas vezes superior à média mundial em 2011, e em 2012 não há sinais de que essa expansão esteja perdendo força.

Nos últimos seis anos, o aumento médio de importações no Brasil foi de 20% por ano, a segunda maior taxa do mundo e superada apenas pela Índia, com 21% de aumento. Nos Estados Unidos, a média de aumento de importação foi de meros 5%, ante 7% na Europa.

Os dados são da OMC, que destaca que a moeda brasileira foi de fato uma das que mais valorizaram em 2011, com impacto sobre os bens importados. Segundo a entidade, o volume de importações no Brasil cresceu 8,2%. Já a média mundial de expansão foi de 4,9%, com taxa de crescimento na Europa de apenas 2%. Só a China, com 9,7%, registrou fluxo maior de bens para sua economia que o Brasil.

Em valores, a alta brasileira foi também uma das mais fortes, de 24%. Mas bem menor que a de 2010, quando cresceu 43%. / J.C.