Título: Brasil chega a 1,4% das exportações mundiais
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2012, Economia, p. B9

Vendas brasileiras são as que menos crescem entre as grandes economias, mas alta dos preços das matérias-primas eleva participação ao nível de 1984 A alta nos preços das commodities permite ao Brasil reconquistar a participação que tinha no comércio mundial há 30 anos. Mas camufla uma perda profunda de competitividade dos produtos nacionais no mercado externo.

Dados divulgados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) revelam que, em 2011, o Brasil ocupou 1,4% das vendas mundiais, taxa que não conhecia desde 1984. Mas, excluindo o fator preço, a constatação é de que as exportações em volume são as que menos crescem entre as grandes economias. Sem competitividade e diante de uma moeda valorizada, o volume de exportações do País teve expansão de apenas 2,9%, metade do desempenho médio mundial no ano.

A OMC publicou seu ranking dos maiores exportadores e o País terminou o ano na 22.ª posição, a mesma que em 2010. Mas os lucros das vendas brasileiras ao exterior só mantiveram uma taxa elevada graças aos preços de minérios e produtos agrícolas. Os dados escancaram o fato de o Brasil estar dependente dos preços para garantir uma balança comercial positiva.

Incluindo nos dados os preços em dólares, as exportações nacionais cresceram 27%, totalizando US$ 256 bilhões, bem acima da média mundial de 19%. Nesse período, os preços das commodities subiram 26% - 14% para minérios e 23% para produtos agrícolas.

Com isso, a taxa brasileira de crescimento das exportações passou a ser próxima aos exportadores de petróleo, como Rússia e Oriente Médio, que viram a renda com exportações aumentar entre 30% e 35% no ano, também pela explosão nos preços.

Os preços fizeram o Brasil ampliar a participação no comércio internacional, de 1,3% em 2010 para 1,4%. Taxa similar só houve em 1984, quando a pauta era dominada por produtos primários.

Apesar da expansão, isso ainda não foi suficiente para subir no ranking da OMC. Austrália, Índia, Espanha ou México ainda exportam mais que o Brasil. A China continua ampliando sua diferença na liderança das exportações, com US$ 1,8 trilhão em vendas em 2011 e 10,4% do comércio mundial. As exportações americanas vêm na segunda posição, com US$ 1,4 trilhão, seguidas de perto pela Alemanha.

O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, disse que o comércio mundial atingiu um recorde de US$ 18 trilhões em 2011. Mas segundo ele o número foi afetado pelos preços de commodities.

No caso brasileiro, descontando o fator preço, o que se vê é uma realidade bem diferente e considerada na OMC um sinal de que as exportações brasileiras não são tão competitivas como as asiáticas. Outro problema foi a valorização do real, destacado pela própria OMC. Em média, os países emergentes verificaram uma alta de suas exportações em volumes de 5,4% no ano, bem acima da taxa brasileira.