Título: FMI vai elevar previsão de PIB mundial
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2012, Economia, p. B10

Christine Lagarde deve apresentar nova projeção do Fundo na próxima semana, mas adverte qO Fundo Monetário Internacional (FMI) está elevando as previsões para o crescimento mundial com base nas perspectivas favoráveis assinaladas em janeiro, mas advertiu que ainda há "um grande grau de instabilidade" na economia global, disse a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde.

Em entrevista concedida ao The Wall Street Journal, Lagarde disse que o Fundo elevou sua perspectiva para o crescimento global para 3,3% em janeiro, como reflexo das melhores condições apresentadas na economia mundial. Mas a diretora afirmou que a nova projeção só deverá ser apresentada na próxima semana e deve continuar sendo mais pessimista que a feita em setembro do ano passado, que era de 4%.

Ela destacou que ainda há a preocupação renovada sobre a capacidade de Espanha e Itália aplicarem reformas fiscais para controlar seus orçamentos, entretanto, Lagarde disse que os Estados Unidos podem ter iniciado um movimento de recuperação, além do que, segundo ela, as tensões na Europa têm diminuído desde dezembro.

Lagarde disse que há um risco muito real de que "tensões sobre a dívida soberana e financeiras voltem com força renovada na Europa". Ela alertou também que a política fiscal atual dos EUA "não é ideal", com a necessidade de apoio do governo a curto prazo.

Novos aportes. Lagarde disse que, apesar de recentes melhoras no cenário econômico global, mais trabalho é necessário para dar suporte à ainda frágil recuperação. Segundo fontes da União Europeia e do G-20 afirmaram mais cedo, Lagarde deve reduzir de US$ 500 bilhões para US$ 400 bilhões seu pedido para novos aportes no FMI.

"Nós temos visto alguma melhora no clima econômico. Mas eu preciso ressaltar que os riscos continuam elevados; a situação é frágil", disse Lagarde, também ontem, mas durante um discurso no Brookings Institution, em Washington, segundo uma cópia do texto divulgada pelo FMI. Ela incitou as autoridades globais a aproveitarem essa oportunidade "para avançar e adotar novas ações que são certamente necessárias para manter a crise sob controle e finalmente deixá-la para trás".

Apesar de não ter comentado sobre o tamanho do novo aporte que o FMI está buscando, Lagarde disse que o Fundo precisa ser fortalecido na reunião da semana que vem. "Para sermos o mais eficiente possível, nós precisamos aumentar nossos recursos." Ela explicou que o FMI está reavaliando a situação da economia global. "As necessidades agora podem não ser tão grandes quanto nós havíamos estimado mais cedo este ano. Mas os riscos e necessidades ainda são altos."

Ela disse ainda que se sentiu encorajada pelas demonstrações de suporte de muitos dos membros do Fundo para aumentar sua capacidade de empréstimo.

A diretora-gerente do FMI afirmou também que, por causa dos riscos gerados pelo estresse nos mercados financeiros e de dívida soberana, as autoridades europeias devem "manter e expandir" seus esforços para conter a crise, incluindo com políticas nacionais fortes, o auxílio do Banco Central Europeu ao sistema bancário e uma maior integração fiscal.

Segundo Lagarde, com a economia global cada vez mais conectada, proteções financeiras mais fortes na Europa podem ser apenas parte da solução. Uma proteção global mais poderosa ajudaria a completar o "círculo de proteção" para todos os países, incluindo aqueles não afetados imediatamente pela crise.

Na questão das políticas fiscais, Lagarde afirmou que é imperativo em muitos países "restaurar a solidez das contas públicas". Nesse sentido, "o ritmo do ajuste é importante" e deve ser "calibrado em linha com as circunstâncias do país". Para os países com a situação econômica sob controle, a política monetária deve ser afrouxada para impulsionar o crescimento.

A diretora-gerente comentou ainda a importância de que a estrutura de governança do FMI reflita integralmente a condição dos seus membros e, neste contexto, ela pediu que "todos os países-membros completem o pagamento das cotas de 2010 e cobrem reformas no tempo adequado". / DOW JONES NEWSWIRES

ue ainda há um 'grau de instabilidade'