Título: China cresce 8,1%, menor taxa em 3 anos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2012, Economia, p. B14

O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 8,1% no primeiro trimestre na comparação como o mesmo período do ano anterior, expandindo-se em seu ritmo mais lento em três anos, desde o primeiro trimestre de 2009.

O crescimento do PIB desacelerou depois de ter registrado avanço de 8,9% no quarto trimestre de 2011 e ficou abaixo da previsão média de 8,3% feita por 15 economistas consultados pela agência Dow Jones.

Economistas disseram, antes do anúncio, que a desaceleração da China continuava, em meio à fraca demanda mundial e com a redução na venda de imóveis. A avaliação é de que a situação provavelmente desencadeie uma ação política - como o corte no compulsório dos bancos, por exemplo.

A leitura abaixo do esperado provocou entre os investidores a preocupação de que a desaceleração ainda não tenha chegado ao fim depois, de cinco trimestres seguidos de enfraquecimento, e que mais ações de política serão necessárias para interromper essa tendência.

Os dados do PIB são o destaque entre uma série de indicadores publicados ontem. Entre eles, a produção industrial da China subiu 11,9% em março ante o ano anterior, acima da previsão de 11,5%.

Por sua vez, as vendas no varejo avançaram 15,2% no mês passado na comparação com o mesmo período de 2011, contra previsão de 15%. Já o investimento em ativos fixos trimestral, um dos principais motores da economia da China, subiu 20,9%.

Eles ficaram amplamente em linha com as expectativas conservadoras de investidores que se mostraram cada vez mais preocupados nas últimas semanas de que a fraqueza do ciclo econômico da China se estenderia para o segundo trimestre do ano, conforme enfrenta dificuldades para escapar da sua pior desaceleração sequencial desde a crise financeira de 2008/09. "O que está claro é que a economia ainda está desacelerando e o setor imobiliário está deflacionando", disse o economista do Société Générale, Yao Wei.

Dados fortes. Apesar de a economia da China ter crescido no ritmo mais lento em três anos no primeiro trimestre deste ano, prejudicada pelas baixas exportações e pela fraqueza do mercado imobiliário, outros indicadores sugerem que a rota da China para sair do risco pode ser mais curta do que parece.

A produção de aço, cimento e automóveis da China - que recentemente havia causado preocupação sobre um pouso forçado da economia do país - se fortaleceu em março. As vendas no varejo de aparelhos eletrônicos domésticos cresceram 8,4% em março, se recuperando após um período de fraqueza em janeiro e fevereiro.

Além disso, o forte aumento anunciado ontem nos empréstimos bancários em março, para 1,01 trilhão de yuans (US$ 160,3 bilhões), de 710,7 bilhões de yuans em fevereiro, apontou para políticas monetárias mais relaxadas adiante. Analistas afirmaram esperar que as autoridades chinesas usem instrumentos monetários diferentes das taxas de juros para garantir crédito adequado e uma expansão econômica firme, como a taxa do compulsório bancário.

"A atividade industrial mais forte do que se esperava em março e os dados sobre crédito provavelmente foram puxados por políticas macroeconômicas mais relaxadas e apontam para uma provável estabilização e melhora no crescimento nos próximos meses", disseram economistas do Barclays, em nota a clientes.

Uma área sobre a qual não há nada para comemorar é o setor imobiliário, que mostrou mais sinais de desaceleração. O crescimento do investimento no primeiro trimestre foi o mais baixo desde que o governo começou a pressionar o mercado imobiliário, há dois anos, e as vendas de imóveis continuaram caindo