Título: Indústria diz que não há capacidade local
Autor: Valle, Sabrina
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2012, Negócios, p. B20

A indústria nacional de óleo e gás reclama que falta tecnologia, fornecedor e mão de obra especializada para atender à demanda no País com prazos adequados, preços competitivos e qualidade internacional. A produção local é exigência da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Mas, sem rede local à altura do desafio das águas profundas do pré-sal, contratar no Brasil muitas vezes é mais caro que no exterior.

"O mercado brasileiro hoje não tem capacidade para atender à demanda necessária no curto prazo", afirma Maurício D'Andrea, da Cameron, uma das fornecedoras de válvulas para a Petrobrás. "Vai ter uma hora que a indústria vai ser impactada com prazo e preço", completa o gerente de conteúdo local Aguinaldo Cruz. A ANP determina índices de conteúdo local de 55% a 65% para as petroleiras durante a fase de desenvolvimento em águas profundas. Para vencer as limitações de mão de obra, a Rolls-Royce está trazendo especialistas estrangeiros para servir como multiplicadores em sua fábrica em Santa Cruz (RJ). Também usará técnicos estrangeiros para treinar e melhorar o desempenho de seus fornecedores.

A Statoil, que se prepara para instalar a terceira plataforma no Campo de Peregrino, no Rio, tem projeto de "familiarização com fornecedores". "Visitamos fornecedores para entender o que podem produzir e quando. Facilita quando o diálogo começa cedo", diz o vice-presidente de Relações Públicas, Mauro Andrade. A exigência de conteúdo local e a falta de expertise e de mão de obra especializada estão entre os principais motivos que fizeram a britânica BG anunciar neste mês investimentos de US$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento no Brasil até 2025.

Parte dos recursos será destinada a um centro de tecnologia no Rio. / S.V.