Título: Ninguém mais sabe o que este governo pode fazer
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/04/2012, Economia, p. B10

Líder do oposicionista PRO critica a expropriação da YPF e a falta de previsibilidade do governo de Cristina Kirchner

Maurício Macri, prefeito de Buenos Aires, líder do Partido Proposta Republicana (PRO) e uma das principais referências da oposição argentina, criticou a expropriação da YPF, feita pela presidente Cristina Kirchner. Em entrevista ao Estado, Macri afirmou que "o governo atual é totalmente imprevisível".

Com o calote da divida privada, a Argentina tornou-se um pária dos mercados. Agora, com a expropriação da YPF, o país é criticado por quase todos. A Argentina ruma para um novo isolamento internacional, com mais radicalização interna?

A realidade é que, a essa altura, ninguém mais sabe o que este governo pode fazer. Tudo isso que ela (a presidente Cristina) está fazendo sequer foi anunciado na campanha ou no discurso de posse do segundo mandato.

Considera que a presidente Cristina Kirchner está apelando a um sentimento nacionalista, "malvinizando" a economia, para recuperar respaldo popular?

A atitude de agitar bandeiras nacionalistas não resolve os problemas do país. Precisamos de investimentos e produção.

Disse que a expropriação da YPF era um fato consumado e que o dano ao país já estava feito. Caso seja eleito presidente em 2015, pretende reverter a situação e privatizá-la?

Não critico o modelo, similar ao da Petrobrás, de controle estatal de 51% da empresa e o resto no mercado. Mas existe um grande problema com a previsibilidade da Argentina. Não vai dar para, daqui a quatro anos, dizer que "vamos mudar de novo a YPF". Por isso, agora é preciso concentrar esforços para que o gerenciamento da YPF seja profissional e transparente e aumente a produção.

O que achou da decisão do atual senador e ex-presidente Carlos Menem de votar a favor da expropriação da YPF? Ele foi o autor da privatização em 1992.

É um encerramento triste de uma carreira política. Menem é mais um a contribuir com a falta de coerência de grande parte da classe política. Os próprios Kirchners fizeram campanha pela privatização há 20 anos e agora expropriam a empresa.

Caso seja eleito, que relação pretende ter com o Brasil?

A Argentina e o Brasil são sócios estratégicos inevitáveis. E temos muita complementaridade. Sou admirador do bom humor e do otimismo brasileiros. Quero estreitar vínculos. / A.P.