Título: ONU propõe agência para ambiente
Autor: Sturm, Heloisa Aruth; Werneck, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/04/2012, Vida, p. A16

Tasso Marcelo/AEEfetividade. Para Steiner, tema ganharia autoridade; ao fundo, a ministra Izabella Teixeira

Steiner esteve em um encontro organizado no Rio pelo Ministério do Meio Ambiente para discutir a governança ambiental, tema a ser tratado durante a conferência Rio+20, em junho.

"Se você quer alcançar uma associação universal e conferir ao tema a mesma autoridade e capacidade não só para propor políticas, mas para apoiar sua implementação, por que não conferir a mesma capacidade de governança dada a outras agências?", disse Steiner, alemão nascido no Brasil, em entrevista coletiva.

Para ele, a medida fortaleceria a agenda ambiental global e facilitaria a padronização de políticas. Mas ele ressaltou que essa é apenas uma sugestão: "Essa é uma decisão política e esse não é o único caminho possível".

A opinião é compartilhada por nações europeias, mas diverge da adotada pelo Brasil e por países em desenvolvimento, por entenderem que a criação de um organismo m substituição ao Pnuma poderia isolar as discussões ambientais, desconsiderando as dimensões sociais e econômicas.

"A partir do momento em que o paradigma acordado mundialmente é o do desenvolvimento sustentável e que se tem de buscar o equilíbrio entre os três pilares (ambiental, social e econômico), deve-se fortalecer igualmente todos esses pilares, e não isolar o tema", disse recentemente o embaixador André Corrêa do Lago, negociador-chefe da delegação brasileira para a Rio+20.

Durante a entrevista, a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, não quis comentar a votação do novo Código Florestal, marcada para o dia 24. Ela afirmou que não recebeu o relatório e o governo só negociará quando o documento estiver pronto. Considerado um retrocesso por ambientalistas, o texto, se aprovado antes da Rio+20, pode gerar embaraço ao País.

Posição alemã. O embaixador da Alemanha no Brasil, Wilfried Grolig, defendeu a criação de uma agência ambiental global na Rio+20. Em entrevista durante o seminário No Caminho da Rio+20, promovido pela fundação alemã Konrad Adenauer em parceria com o Grupo Estado, Grolig disse que "precisamos criar estruturas relevantes para expressar o nível de importância dos assuntos tratados. Acreditamos que o desenvolvimento sustentável é um tema tão importante quanto a igualdade das mulheres". O representante da Fundação Konrad Adenauer no Brasil, Thomas Knirsch, também defendeu a ideia. "A ONU precisa de um fortalecimento."

Grolig disse que a chanceler Angela Merkel não definiu se virá para a reunião de cúpula. E citou como possível obstáculo às negociações o contexto político internacional e disse que a Alemanha espera resultados concretos.

O embaixador aposentado Marcos Azambuja, que coordenou a delegação brasileira na Rio-92, alertou para a gravidade das mudanças climáticas e avaliou que o modelo de negociações no âmbito da ONU é insuficiente. "Para mudar dramaticamente as coisas, há instrumentos dramáticos de ação. A negociação lenta, paritária e consensual não é um instrumento que leve a isso."

O diretor da sucursal do Estado no Rio, Marcelo Beraba, representou o jornal no evento.

Evento termina hoje no Rio

O evento No Caminho da Rio+ 20, promovido pela fundação alemã Konrad Adenauer em parceria com o Grupo Estado, continua hoje, no Hotel Caesar Park, em Ipanema. Infraestrutura Biológica e Sustentabilidade é o tema da mesa-redonda que começa às 9h30. Entre os convidados estão Percy Soares, da Confederação Nacional da Indústria, e o consultor Jörg Henninger. Às 11h45, os embaixadores Luiz Augusto Castro Neves e Wilfried Grolig discutirão o tema Política e Diplomacia.Às 13h30, Thomas Knirsch, da Fundação Konrad Adenauer, e o jornalista Marcelo Beraba, do Estado, falando das perspectivas para a Rio+20.