Título: Operários de Belo Monte mantêm greve ilegal
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2012, Economia, p. B8

Os trabalhadores do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pelas obras da Usina de Belo Monte em Volta Grande do Xingu, em Altamira do Pará, devem continuar de braços cruzados por pelo menos mais quatro dias. A greve nos canteiros da usina completa hoje 11 dias e só estão funcionando os serviços essenciais. O consórcio responsável pela obra ainda não informou se os dias parados serão descontados.

Os trabalhadores exigem aumento no valor da cesta básica de R$ 95 para R$ 300 e redução do intervalo para liberação de visita à família de seis para três meses. Eles deveriam ter retornado ao trabalho ontem, por determinação da Justiça do Trabalho, caso contrário a liminar que decretou a ilegalidade da greve no dia 25 de abril passaria a valer com efeito retroativo. A greve foi deflagrada no dia 23.

No caso de desobediência, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Pará (Sintrapav/PA) pagará multa de R$ 200 mil por dia parado. "Enquanto eles não negociarem com o sindicato, vamos continuar parados", disse um trabalhador.

A Justiça do Trabalho considerou a greve ilegal porque o acordo coletivo assinado no ano passado ainda está em vigor e não estaria sendo descumprido. Depois da decretação da ilegalidade, houve a suspensão da liminar dando um prazo até o dia 2.

Apesar da determinação de manter a greve, o consórcio disse que o pagamento dos funcionários será realizado em dois dias (quinta e sexta-feira) para grupos distintos, e assim a expectativa é que a cada dia tenha "cerca de metade dos funcionários trabalhando", informou o consórcio, por meio da assessoria.

Barricada. O consórcio informou ainda que foram colocados à disposição dos trabalhadores a ajuda necessária para a volta ao trabalho, como os ônibus de transporte. Mas eles não voltaram. "Eles seguiram fazendo a barricada contrariando a decisão do interdito proibitório que proibiu o fechamento do Travessão no Km 27 da Transamazônica" informou a assessoria.

Ainda segundo a assessoria, a orientação é que os ônibus retornem caso sejam parados em barricada. "Não queremos confronto. Vamos procurar as medidas legais."

A diretoria do Sintrapav/PA disse que os trabalhadores não foram trabalhar porque "a empresa não disponibilizou ônibus". O vice-presidente da entidade, Roginel Gobbo, afirmou que a empresa colocou apenas os ônibus dos serviços essenciais. Ele nega que tenham feito barricada no Travessão. "Fomos lá para observar", disse.

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