Título: Governo cobra mais agressividade do BB
Autor: Nakagawa, Fernando; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2012, Economia, p. B3

Os seguidos anúncios da Caixa Econômica Federal de redução de juros nos empréstimos e diminuição das taxas de administração dos fundos de investimento aumentaram o desconforto do governo com o Banco do Brasil.

No Palácio do Planalto e Ministério da Fazenda, o BB é alvo de críticas sobre a "lentidão" na redução das taxas. Ontem, a saia justa cresceu com o novo anúncio de ações da Caixa para baratear investimentos e ainda popularizar fundos.

Segundo apurou o Estado, a orientação do Ministério da Fazenda é para que o BB, que ainda pratica taxas um pouco maiores, continue com o processo de "descompressão" dos juros dos financiamentos e, sobretudo, das taxas de administração dos fundos de investimentos, como a Caixa já fez algumas vezes nas últimas semanas.

Dilma. Em reuniões recentes do governo que tratam de crédito e juros, a presidente Dilma Rousseff tem feito elogios à ação da Caixa que diminuiu o custo dos empréstimos aos clientes de maneira considerada mais agressiva que o visto entre os demais bancos, inclusive o BB. "A presidente tem falado bem da Caixa. Mas o comportamento não se repete quando o assunto é o BB", disse um ministro.

Segundo uma fonte do governo, a avaliação é que o BB tem sido tímido e pode melhorar no esforço de redução dos juros. Há uma cobrança na equipe econômica sobre quando isso deve acontecer.

Outra fonte avalia que o governo dá "como certo" um movimento mais forte do BB. "Porque como o Tesouro Nacional é o acionista majoritário, o banco segue as diretrizes decididas pelo governo", argumenta.

Fundos. Ontem, a Caixa anunciou a segunda rodada de redução nas taxas e na aplicação inicial mínima de fundos de investimento. O banco lançou ainda dois produtos que aceitam aplicação inicial de R$ 10 com taxas de administração de 1,3% e 1,6% ao ano. A instituição diz que as mudanças têm como objetivo popularizar esse tipo de investimento, principalmente para a nova classe média e os pequenos empresários.

O Banco do Brasil, que foi o primeiro banco a falar na possibilidade de mexer nas suas taxas, não anunciou nenhuma alteração até o momento.

A redução dos juros via bancos públicos faz parte de um plano do governo para incentivar a demanda com aumento dos financiamentos. O desejo da equipe econômica é que instituições privadas acompanhem o movimento dos estatais.

Nos fundos de investimento, há interesse de que as taxas de administração caiam para que essa aplicação fique mais competitiva. A intenção do governo é afastar a chance de migração em massa de recursos para a poupança, que, em algumas situações, já paga juro maior porque tem rentabilidade pré-estabelecida. Uma migração em massa poderia gerar problemas para a gestão da dívida pública.

CMN libera abertura de novas agências no País O Conselho Monetário Nacional (CMN) acabou com as restrições para abertura de agências e postos de atendimento bancário no País. A partir de agora, as instituições financeiras poderão instalar sua rede de atendimento conforme sua estratégia e oferecer os serviços que quiserem em cada local. Para o Banco Central, a medida vai beneficiar também os correntistas, pois trará mais competição e ajudará no processo de inclusão bancária, ao baratear a abertura de pontos de atendimento. O Banco Central diz ainda que, se os bancos aproveitarem a liberação para fechar agências sem motivos considerados coerentes pelo governo, a mudança poderá ser revertida. / EDUARDO CUCOLO e CÉLIA FROUFE