Título: Votorantim volta a derrubar lucro do BB
Autor: Mode, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2012, Economia, p. B12

A exemplo do que ocorreu no quarto trimestre do ano passado, o Votorantim puxou para baixo o resultado do Banco do Brasil nos três primeiros meses de 2012. A maior instituição financeira do País, com ativos que já superam R$ 1 trilhão, lucrou R$ 2,5 bilhões de janeiro a março, o que significou uma queda de 14,7% ante o mesmo período de 2011.

O recuo foi explicado pelo expressivo aumento das provisões contra perdas - de R$ 2,9 bilhões no quarto trimestre para R$ 3,6 bilhões no primeiro, o equivalente a 23,7%. Grande parte foi usada para cobrir o prejuízo do Votorantim. O banco ao qual o BB se associou em 2009 fechou o primeiro trimestre no vermelho: R$ 597 milhões. O desempenho foi um pouco melhor que o dos três últimos meses de 2011, quando o prejuízo chegou a R$ 656 milhões.

Outro fator que levou o BB a reservar mais dinheiro para perdas foi o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) das ações que questionam eventuais perdas aos correntistas na implementação de planos econômicos do passado. O julgamento acabou adiado.

Segundo o vice-presidente de Finanças do BB, Ivan Monteiro, o Votorantim tem apurado perdas na área de financiamento de automóveis, responsável pela maior parte da carteira de crédito do banco. "O resultado do Votorantim vai melhorar a partir do momento em que os financiamentos originados a partir do segundo semestre do ano passado ganharem mais peso sobre a carteira total", afirmou.

Monteiro explicou que, na ocasião, o banco alterou completamente as políticas para concessão de empréstimos, o que já se reflete em índices de inadimplência menores. O executivo observou, no entanto, que o Votorantim deve continuar a registrar perdas nos próximos trimestres. "Ainda não sabemos quando o banco voltará a ter lucro."

Ele disse também que, "no momento", o banco não estuda comprar 100% do Votorantim. Em janeiro de 2009, o BB adquiriu 49,9% do capital votante da instituição por R$ 4,2 bilhões.

Sem contar o Votorantim, a inadimplência do BB em atrasos superiores a 90 dias caiu de 1,81% no quarto trimestre para 1,78% no primeiro. Incluindo o parceiro, a taxa teve leve alta, de 2,09% para 2,16%. Monteiro destacou que, como costuma ocorrer, é uma taxa inferior à média do sistema financeiro, que estava em 3,74% no fim de março.

Nas contas do BB, a inadimplência deve permanecer estável nos próximos dois trimestres e voltará a cair já nos três últimos meses de 2012. É uma avaliação distinta de seus pares privados, que esperam uma redução do calote apenas em 2013.

Por isso, o BB fez questão de comunicar ao mercado, ontem mesmo, as projeções para despesas de provisão de risco de crédito para o resto do ano: entre R$ 3,5 bilhões e R$ 3,8 bilhões. Ou seja, praticamente estáveis na comparação com os R$ 3,6 bilhões do primeiro trimestre.

Em um ponto, porém, o BB concorda com os concorrentes do setor privado: os resultados não vão cair por causa do movimento recente de queda dos juros cobrados de pessoas físicas e empresas. "Vamos compensar a redução com o aumento das operações de financiamento", disse o vice-presidente de negócios de varejo do BB, Alexandre Abreu.

As ações do BB perderam 1,7% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ontem. Foi a maior baixa das ações do setor bancário no dia. O Ibovespa, principal termômetro da bolsa brasileira, caiu 0,51% no dia.

Banco cortará hoje as taxa de juros

O Banco do Brasil anuncia hoje novas reduções nas taxas de juros cobradas de seus clientes pessoas físicas. Na próxima semana, deve divulgar também mudanças nas taxas de administração e no valor da aplicação mínima de fundos de investimento.

A informação é do vice-presidente de Negócios de Varejo do BB, Alexandre Corrêa Abreu. Tanto nos juros como nas taxas de administração, os executivos do BB não deram detalhes ontem da magnitude das mudanças.

O BB quer esperar ao menos 90 dias para avaliar o efeito do programa Bompratodos, que reduziu os juros em linhas de crédito, no balanço da instituição. / ALTAMIRO SILVA JÚNIOR