Título: Lobão anuncia e Petrobras nega substituição de diretor
Autor: Torres, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2012, Economia, p. B12

Ao defender que o preço da gasolina aumente quando o valor internacional do barril de petróleo atingir US$ 130, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, surpreendeu ontem ao anunciar que o diretor-financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, será substituído.

De acordo com o ministro - que participava do seminário Investindo na África: Oportunidades, Desafios e Instrumentos para Cooperação Econômica, realizado na sede do BNDES, no Rio -, a decisão de retirar Barbassa do cargo, que ele exerce desde 2005, é da presidente da Petrobrás, Graça Foster, empossada em fevereiro deste ano. "A decisão dela é fazer uma renovação completa na diretoria da Petrobrás", disse Lobão, para quem a troca do diretor-financeiro não tem data para acontecer, podendo ficar para o 2.º semestre.

Barbassa é o diretor remanescente da gestão do antecessor de Graça, José Sergio Gabrielli. Cinco diretores já foram trocados por ela. Jorge Zelada (Internacional) só permanece porque a Petrobrás não escolheu um substituto. Mas já foi avisado que a presidente não conta mais com ele.

Lobão negou que o governo planeje substituir o presidente da Transpetro, ex-senador Sérgio Machado, respaldado por grupo influente do PMDB, liderado pelos senadores José Sarney e Renan Calheiros.

Vida curta. Mas as declarações sobre as mudanças na estatal foram logo desmentidas pela Petrobrás, por meio de nota, no intervalo do seminário. "A Petrobrás esclarece que, em relação às notícias veiculadas hoje na imprensa sobre possíveis alterações na diretoria executiva, não considera a substituição", diz o comunicado. Presente ao evento, Graça Foster não deu entrevista.

Barbassa recusou-se a comentar o anúncio do ministro. "Eu não tenho nada a declarar. A empresa já fez um pronunciamento", limitou-se a dizer.

Sobre a possibilidade de aumento do preço dos combustíveis, Lobão falou que "chegaremos a isso" no caso de "o (preço mundial do) barril prosseguir aumentando". O governo esperará até "uns US$ 130, por aí", disse ele sobre o patamar máximo antes do reajuste. O preço do barril tem ficado um pouco abaixo de US$ 120.

"É bom reafirmar que não há aumento de combustível, de gasolina, há nove anos. O último não foi repassado ao consumidor. A Petrobrás precisa de investimentos. Estamos na fase da aquisição das plataformas, das sondas, dos navios para o pré-sal. Temos nossas refinarias sendo construídas. Isso tudo exige investimentos monumentais. Ela (a presidente Dilma Rousseff) está ponderando tudo isso para tomar uma decisão."

O ministro reafirmou que o governo não pretende tão cedo convocar a 11.ª rodada de licitação de blocos petrolíferos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). "A presidente decidiu que quer fazer a 11.ª rodada, mas depois que o Congresso Nacional tiver concluído as votações da lei do pré-sal. O que está faltando? A lei dos royalties. Feito isso, ela autorizará a rodada. Ela quer concluir a votação porque há possibilidade de questionamento jurídico."