Título: Sr. Protecionismo argentino quer vender produtos
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/05/2012, Economia, p. B4

O secretário de Comércio Interior da Argentina, Guillermo Moreno - virtual comandante da área de comércio exterior do país - desembarcará hoje em São Paulo. Moreno, autor de várias medidas que barraram a entrada de produtos brasileiros na Argentina nos últimos dois anos, será acompanhado por uma missão de empresários com intenção de vender mais produtos no Brasil.

O protecionista Moreno será uma das principais figuras do Encontro Empresarial Argentina-Brasil, organizado pelo Ministério da Economia, que reunirá na Fiesp 600 empresários argentinos e 400 brasileiros. Segundo os argentinos, já estão agendadas dezenas de reuniões para aumentar o comércio bilateral e diversificar as vendas.. O governo Kirchner pretende reduzir o déficit do país com o Brasil.

As medidas de Moreno, especialmente a Juramentada Antecipada de Importação (DJAI) - que desde fevereiro obriga empresas que desejem importar a apresentar, previamente, um relatório detalhado ao organismo de arrecadação tributária - provocaram queda de 23,2% das exportações do Brasil à Argentina em abril, em comparação com o mesmo mês do ano passado.

A apresentação dessa declaração não é suficiente para importar, já que o empresário importador precisa esperar pela resposta do governo argentino sobre o pedido. Entre janeiro e abril o comércio bilateral foi favorável ao Brasil em US$ 970 milhões. Mas o volume indica queda de 27,1% em relação ao superávit que o mercado brasileiro exibia com a Argentina nos primeiros quatro meses de 2011.

Suínos barrados. Em março, o ministro da Agricultura do Brasil, Jorge Mendes Ribeiro, e seu colega argentino Norberto Yahuar reuniram-se em Buenos Aires para conversar sobre os problemas que a carne suína brasileira enfrenta para entrar na Argentina. Chegaram a um acordo preliminar que previa cotas apenas para o Brasil. Porém, o acordo verbal esbarrou em Moreno, que bloqueou de forma quase permanente as importações.

Moreno, segundo as fontes, afirmou que só permitirá importações aos empresários que também exportem. O secretário obriga as empresas a exportar um dólar a cada dólar importado. "Empresários do setor suíno terão que viajar com amostras para oferecer produtos, mesmo que não sejam do mesmo item", indicaram as fontes.