Título: BC comprou US$ 7,22 bi e acelerou alta
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2012, Economia, p. B3

O Banco Central acelerou o passo e comprou US$ 7,22 bilhões em leilões realizados quase diariamente no mercado brasileiro no mês passado. Essa foi a maior intervenção no câmbio desde março de 2011. Ao comprar mais que a soma de todos os dólares que ingressaram no Brasil no mês, a atuação do BC explica parte da subida das cotações que alcançaram a casa de R$ 1,90 no decorrer do mês passado. Dados apresentados ontem mostram que o BC decidiu acelerar a estratégia de comprar a moeda americana para reforçar as reservas internacionais. Em uma ação alinhada com o desejo da equipe econômica de um dólar mais alto – o que favorece a indústria exportadora –, a instituição comprou todos os recursos que ingressaram no País no mês passado e mais um poucdos dólares que estavam no caixa de bancos. Em abril, o Brasil recebeu US$ 6,58 bilhões de outros países. Esse dinheiro ingressou exclusivamente pelas mãos de empresas exportadoras. Exatamente de olho no dólar mais alto, companhias decidiram trazer recursos que estavam em contas no exterior à espera de uma cotação mais vantajosa.

Para o exportador, o lucro é evidente: se convertesse em reais US$ 100 mil no fim de março, a empresa teria R$ 182,7 mil. No fim de abril, a mesma operação gerava R$ 190,6 mil – um ganho de R$ 7,9 mil. Em maio, porém, a direção do fluxo de dólares se inverteu. Nos dois primeiros dias do mês, o Brasil perdeu US$ 1,78 bilhão. Dessa vez, o responsável pela saída é o segmento financeiro, já que US$ 2,44 bilhões foram transferidos ao exterior por investidores e empresas em operações com venda de ações e títulos de renda fixa, remessa de lucros e pagamento de empréstimos, entre outras transações. O comércio exterior, que ajudou a atrair dólares no mês passado, foi responsável pela entrada de US$ 652 milhões nos dois primeiros dias de maio. O valor, porém, foi insuficiente para fazer frente à saída de recursos nas operações financeiras.

Crise na Europa afeta moedas latino-americanas

Os recentes acontecimentos políticos na Europa continuaram a afetar negativamente os mercados latino-americanos ontem. As moedas de vários países da re-gião tiveram perdas acentuadas, algumas delas caindo ao pior nível em muitas semanas. O peso mexicano fechou a 13,4795 por dólar, abaixo dos 13,3625 por dólar do dia anterior, no pior nível de encerramento desde meados de janeiro. No Chile, o peso chegou a cair 1,3% em relação ao dia anterior e atingiu a mínima em quase dois meses, mas se recuperou e fechou a 488,20 por dólar, com queda de 0,5%. O peso colombiano chegou ao fim da tarde em queda de 0,2%, a 1.77 por dólar, o pior nível em quase três semanas. Em Lima, o sol peruano, que em 2012 já se valorizou quase 2% em relação ao dólar, recuou a 2,649 por dólar, de 2,643 ontem. / DOW JONES NEWSWIRES