Título: Deter inflação é crucial para Dilma
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2012, Economia, p. B5

O avanço da inflação em abril preocupou a presidente Dilma Rousseff. Apesar de acumular no ano 1,87%, abaixo do verificado no mesmo período de 2011, e de a taxa em 12 meses continuar a trajetória de desaceleração, a presidente pediu atenção de seus auxiliares para os fatores que pressionam os preços. Esse é um "ponto de honra" para o governo, que não quer ser ameaçado por uma escalada dos índices.

A presidente Dilma está surfando na sua popularidade e não quer sofrer um baque por causa de indicadores como o da inflação, que em abril atingiu 0,64%, três vezes maior que a de março. "Pior do que inflação alta, só emprego desacelerando", comentou um interlocutor da presidente, ao refletir a preocupação de Dilma.

A atual popularidade da presidente facilitou medidas como a mudança na regra de rendimento da poupança e o enfrentamento com os bancos na cruzada pela redução dos juros, que poderá até ajudar a elevar os índices de aceitação de seu governo. Para tomar medidas ousadas como essas, Dilma precisa estar se sentindo respaldada. Se um dos pilares afrouxar, principalmente a inflação - considerado um dos mais fundamentais -, ela perde força na "guerra".

Anteontem, a presidente respirou aliviada com a decisão de algumas instituições financeiras de desautorizar estudo da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) que questionava a eficácia da ofensiva do governo para reduzir os juros. Dilma ficou ainda mais animada com as declarações dos presidentes do Itaú e do Bradesco, de que preparam novas reduções dos juros.

A volta da inflação a níveis mais comportados é fundamental para que o humor no Palácio do Planalto não azede.