Título: Iniciativa do Estado, não do governo
Autor: Monterio, Tânia; Moraes Moura, Rafael
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2012, Nacional, p. A10

A data para a instalação oficial da Comis-são da Verdade foi definida ontem, após a presidente Dilma Rousseff ter consultado os ex-presidente Fernan-do Henrique Cardoso sobre sua agenda. Soube que ele tem uma viagem marcada para o exte-rior nos próximos dias, mas que estaria à disposição na semana que vem. Em seguida, ela conversou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também mostrou disponibilidade para comparecer à cerimônia no dia 16. Os outros dois ex-presidentes, José Sarney e Fernando Collor, que atuam em Brasília, no Senado, também se prontificaram. A preocupação de Dilma, ao reunir os ex-presidentes, é insistir na caracterização da Comissão da Verdade como uma iniciativa do Estado brasileiro e não de um governo. Ela j á havia tido essa precaução nas negociações com os partidos políticos, que resultaram na aprovação do projeto de lei de criação da comissão, em outubro. A mesma preocupação apareceu na escolha dos integrantes da comissão, na qual figuram representantes de diferentes instituições do aparato do Estado. A presidente cuidou também de contemplar o PSDB, escolhendo dois ex-integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso.

Apesar dos cuidados de Dilma, a comissão já começou a ser criticada pelos dois lados. Para alguns grupos de familiares de presos e desaparecidos políticos mais à esquerda, ela deveria ter escolhido pessoas mais comprometidas com a resistência à ditadura. Do outro lado, alguns grupos militares mais radicais, especialmente da reserva, afirmam que, sem representante da caserna, a comissão terá caráter revanchista. /R.A.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 11/05/2012 03:54