Título: Caixa discute com o governo novo aporte de recursos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2012, Economia, p. B3

O governo pode ser forçado a injetar mais dinheiro na Caixa Econômica Federal, caso a instituição mantenha o ritmo atual de crescimento do crédito, na casa dos 40%.

"Se continuar nesse ritmo, certamente será necessário. Isso está sendo conversado com o governo a todo momento", reconheceu ontem o vice-presidente de Controladoria e Risco do banco, Raphael Rezende Neto.

A Caixa fechou o primeiro trimestre do ano com um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão, alta de 46% na comparação com o mesmo período de 2011. Esse crescimento foi puxado pela expansão do crédito.

A carteira total de empréstimos do banco encerrou março em R$ 270 bilhões, crescimento de 41% em 12 meses e de 7,7% na comparação com os três últimos meses do ano passado, a maior expansão entre os grandes bancos brasileiros.

Esse avanço garantiu à Caixa elevar para 13% sua participação no mercado brasileiro de crédito, um avanço de 2,1 ponto porcentual em um ano.

O retorno sobre o patrimônio - um importante indicador de rentabilidade - foi de 25,3%, o mais alto já divulgado para o período entre as grandes instituições nacionais.

Pelas regras vigentes, os bancos precisam ter uma espécie de reserva de R$ 11 para cada R$ 100 emprestados. O indicador da Caixa caiu de 15,2%, em março do ano passado, para 12,8% este ano.

Ou seja, em 2011 o banco tinha uma reserva de R$ 15,20 para cada R$ 100 emprestados. Agora, esse colchão caiu para R$ 12,80, aproximando-se do piso determinado pelo chamado índice de Basileia. Entre os grandes bancos, a Caixa é a instituição que detém o menor índice. As demais casas estão com indicadores acima dos 14%.

Em meio a um programa agressivo de corte de juros para pessoas físicas e empresas, os especialistas acreditam que a Caixa vai precisar de capital para poder emprestar mais.

"Se necessário for, o banco vai ser capitalizado", disse o vice-presidente da Caixa, destacando que a capitalização é um processo natural para as instituições financeiras e é sempre discutida com o controlador, no caso o governo federal.

Inadimplência. Rezende destaca que a Caixa está conseguindo crescer no crédito com inadimplência sob controle. O índice de inadimplência do banco estatal caiu no primeiro trimestre, ao contrário dos grandes bancos que já divulgaram balanço. O indicador fechou março em 2,07%, comparado com 2,14% no mesmo mês de 2011.

A razão da baixa taxa de inadimplência, segundo Rezende, é que cerca de 70% da carteira de empréstimos da Caixa é de financiamentos imobiliários e consignado (com desconto na folha de salário), linhas que contam com garantias e, por isso, tem menor risco de perdas.

Crédito. Dentro da carteira de crédito, as operações com pessoas físicas registraram saldo de R$ 40,7 bilhões em março, e tiveram crescimento de 11,1% no trimestre e de 44,7% no acumulado em 12 meses.

O crédito para empresas cresceu 7% no trimestre e 39% no acumulado em 12 meses. O total de ativos administrados pelo banco público atingiu R$ 1,1 trilhão ao final do primeiro trimestre do ano.